Aula 6 Português

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Class 6

0:00:00.420,0:00:04.490
» NEIL SMITH: Uma das coisas mais surpreendentes
para mim acerca desse capítulo foi

0:00:04.490,0:00:09.329
a sua extraordinária e precisa
lógica matemática.

0:00:09.329,0:00:15.089
Quero dizer, aproxima-se mais de
uma dialéctica matemática.

0:00:15.089,0:00:21.759
E no entanto… às vezes aquela habilidade,
aquela forma de analise é o porquê de Marx ser rotulado,

0:00:21.759,0:00:29.089
em alguns aspectos, como um estructuralista
HARVEY: positivista!
ou até mesmo um positivista, sem pessoas na equação

0:00:29.089,0:00:36.089
e assim por diante. Mas é claro que à medida que
caminhamos para o capítulo dez, o dia de trabalho,

0:00:36.230,0:00:41.470
os limites desse tipo de análise

0:00:41.470,0:00:46.300
tornam-se óbvios. E você vê o próprio
método de Marx derivando. Então, num momento ele diz:

0:00:46.300,0:00:50.980
'Você sabe, se você tem direitos iguais,
o direito do trabalhador de vender

0:00:50.980,0:00:53.600
o seu poder de trabalho e o direito do

0:00:53.600,0:00:59.930
empregador de empregar aquele poder de trabalho -
entre direitos iguais a força decide.'

0:00:59.930,0:01:04.080
Então, qual é a mudança que você vê? Qual é
o valor de toda aquela discussão do

0:01:04.080,0:01:08.010
dia de trabalho, dos salários e do tempo?

0:01:08.010,0:01:13.580
» DAVID HARVEY: Eu penso que é aí onde ele
realmente conecta a ideia de que o valor

0:01:13.580,0:01:18.560
é sobre o tempo de trabalho
socialmente necessário. E, portanto, o tempo

0:01:18.560,0:01:25.100
torna-se crucial. Então este capítulo é sobre o tempo.
Ele diz: "Os momentos são os elementos do lucro";

0:01:25.100,0:01:31.299
e portanto tentar capturar o tempo de outras pessoas
torna-se absolutamente fundamental para aquilo que

0:01:31.299,0:01:35.990
o capitalismo é. E aqui nós chegamos
em algo que penso ser muito interessante.

0:01:35.990,0:01:39.579
Porque nós muitas vezes pensamos no tempo
como um fenómeno natural,

0:01:39.579,0:01:41.740
…ele está lá.

0:01:41.740,0:01:45.750
Mas o que Marx nos está a mostrar é que o tempo, na realidade,

0:01:45.750,0:01:52.160
muda com a dinâmica do
sistema capitalista - que o capitalismo cria

0:01:52.160,0:01:57.180
um sentido particular do tempo.
Ele cria a ideia de um dia de trabalho,

0:01:57.180,0:01:59.840
de uma semana de trabalho, de um ano de trabalho,

0:01:59.840,0:02:00.990
de uma vida de trabalho.

0:02:00.990,0:02:03.940
Ele cria essa ideia; então na verdade

0:02:03.940,0:02:09.319
essa noção de temporalidade é
algo que é socialmente construído.

0:02:09.319,0:02:16.870
E essa construção social do tempo
diz que o tempo não é natural de forma alguma.

0:02:16.870,0:02:22.919
Têm-nos dito o que o tempo é, tudo isto sobre
hora de entrada e hora de saída,

0:02:22.919,0:02:29.859
um sistema de multas se se chega atrasado,
porque se violou o regime regulador do tempo.

0:02:29.859,0:02:35.509
Há muita coisa no texto que fala sobre
a disciplina temporal de uma sociedade.

0:02:35.509,0:02:40.809
E muito pouco sobre a espacialidade
porque muito disto se passa dentro da fábrica.

0:02:40.809,0:02:47.899
Então, é dentro da fábrica onde isto se passa,
… e os sinos, sabes…

0:02:47.899,0:02:56.410
Muitas vezes pergunto-me: 'Isto é estranho, porque é que as universidades,
por exemplo, têm um certo regime de fábrica?'

0:02:56.410,0:03:07.409
A campaínha toca e tu dizes: "Ok, esta disciplina de matemática acabou,
e agora tenho de ir para a minha aula de Francês na próxima hora."

0:03:07.409,0:03:12.499
O regime temporal da universidade é muito desse género;

0:03:12.499,0:03:16.389
e a educação da disciplina temporal torna-se crucial.

0:03:16.389,0:03:23.000
E mesmo a um nível educacional, eu recordo-me, de num ou outro momento,

0:03:23.000,0:03:30.869
haver essa coisa habitual sobre as deficiências
da educação, e do ensino universitário a alunos do primeiro ano.

0:03:30.869,0:03:35.049
Então, nós temos essas pessoas que vêm de
Harvard para Johns Hopkins para nos dizer o que fazer;

0:03:35.049,0:03:39.629
e o que é que eles nos dizem? Dizem:
"A única coisa que se deve fazer no primeiro ano

0:03:39.629,0:03:44.649
da vida universitária do estudante —
têm de lhes ensinar disciplina do tempo.

0:03:44.649,0:03:49.139
Esta é a coisa mais importante. Como você faz isso?
Você estabelece quais serão os trabalhos, e você não aceita

0:03:49.139,0:03:52.189
os trabalhos se estiverem atrasados.'

0:03:53.209,0:04:02.569
Isso é produção intelectual! Você e eu sabemos que não
é possível produzir dessa maneira.

0:04:02.569,0:04:07.769
De facto, há uma muito engraçada… Eu tenho na
na minha mesa há muito tempo…

0:04:07.769,0:04:12.659
uma carta muito engraçada a Karl Marx de seu editor em Leipzig,

0:04:14.659,0:04:19.959
em que o editor diz: 'Caro Herr Doktor Professor,
notamos que o senhor está

0:04:19.959,0:04:26.409
seis meses atrasado com o manuscrito de 'Das Kapital'.
Se não recebermos o texto nos próximos seis meses

0:04:26.409,0:04:29.919
teremos que designar outra pessoa para escrevê-lo.'

0:04:31.149,0:04:36.209
O ponto aqui é que o capitulo acerca
do dia de trabalho é na realidade sobre

0:04:36.209,0:04:43.750
porque é que o capitalismo tem este tipo de temporalidade
que é radicalmente diferente da forma das sociedades pré-capitalistas

0:04:43.750,0:04:49.610
organizarem o tempo; e temos a expectativa
que seja radicalmente de como

0:04:49.610,0:04:55.950
uma sociedade socialista organizaria o tempo.
Mas a temporalidade é rigorosamente fixada sob capitalismo

0:04:55.950,0:05:04.820
e é acelerada. Vai cada vez mais depressa,
e portanto mais à frente no Capital
vemos este fenómeno de aceleração,

0:05:04.820,0:05:08.479
intensificação. Porque é que o
Capitalismo é sempre sobre isto?
Então percebemos alguma coisa acerca da lógica do

0:05:08.479,0:05:10.830
sistema e da lógica das suas temporalidades

0:05:10.830,0:05:15.830
a partir daquele capitulo,
e é uma das razões porque
penso que é um capitulo fantástico

0:05:33.139,0:05:36.580
Vamos para o capítulos 10 e 11

0:05:36.580,0:05:39.800
Capítulo Dez : O dia de trabalho
[Cap. 8 Edições Avante]

0:05:42.009,0:05:50.880
Comentei antes que Marx
muda de estilos ao longo do Capital

0:05:50.880,0:05:59.430
E este capítulo é de facto construído
de uma forma diferente que os capítulos precedentes

0:05:59.430,0:06:04.469
É pleno de detalhes históricos e de informação.

0:06:06.439,0:06:13.560
Evoca um conjunto de categorias teóricas
que não encontramos até agora no texto.

0:06:13.560,0:06:22.790
Porque o que penso que Marx está interessado em fazer
é sublinhar um situação histórica real

0:06:22.790,0:06:31.349
e uma narrativa, em que ambas iluminam o edifício teórico fundamental que

0:06:31.349,0:06:35.039
ele construiu, ou seja: a teoria do valor,

0:06:35.039,0:06:39.229
ao mesmo tempo em que vemos a teoria
do valor iluminar algo acerca da história.

0:06:39.229,0:06:51.409
Então, nós discutimos antes
a relação entre história e a teoria neste texto,
este é um bom capítulo para reflectir

0:06:51.409,0:06:57.699
um pouco sobre como funciona.
Mas é claro que a história que vocês irão ver,

0:06:57.699,0:07:03.309
é uma história que envolve muita coisas,
que não estão ainda na teoria.

0:07:03.309,0:07:9.240
Se pretendem que estejam todas na teoria,
então têm de ir para o fim do volume 3 do Capital,

0:07:9.240,0:07:17.229
ou até ir mais além. Mas aqui ele está a invoca-las
porque ele quer contar uma história histórica real.

0:07:17.229,0:07:26.379
E a verdadeira história histórica é sobre a história
da luta acerca da duração do dia de trabalho.

0:07:26.379,0:07:32.460
E ele começa lembrando-nos, e eu acho que isto
é sempre muito importante para nos recordarmos,

0:07:32.460,0:07:38.309
da distinção entre a teoria de valor do trabalho
e o valor da força de trabalho

0:07:38.309,0:07:45.010
O valor da força de trabalho é o valor de uma mercadoria.
É uma mercadoria em alguns aspectos tal como qualquer outra.

0:07:45.010,0:07:51.249
mas noutros aspectos, como vimos antes,
diferente do decorrer normal das mercadorias

0:07:51.249,0:07:57.339
porque engloba um elemento histórico, moral, civilizacional.

0:07:57.339,0:08:02.099
E como veremos neste capítulo, essas questões sobre

0:08:02.099,0:08:09.099
o que é civilizacional ou não, voltam a ser tidas em conta.

0:08:09.330,0:08:15.069
Mas tendo dito isso, ele está interessado
na distinção ou na diferença entre

0:08:15.069,0:08:20.209
o que o trabalho produz, o valor que produz
e qual é o valor dessa força de trabalho.

0:08:20.209,0:08:22.639
E assim ele configura este diagrama simples no início,

0:08:22.639,0:08:36.270
que diz: 'Existe um nível fixo do dia de trabalho,
ou melhor… 'Existe um valor fixo da força de trabalho

0:08:36.270,0:08:40.670
e esse valor fixo da força de trabalho corresponde
ao número de horas que são necessárias

0:08:40.670,0:08:48.580
para reproduzir o equivalente ao valor da força de trabalho'.

0:08:48.580,0:08:52.810
Então isso é fixo. Como ele disse antes,
quando abordava o valor da força de trabalho:

0:08:52.810,0:08:57.740
'Nós sabemos que na prática varia bastante,
dependendo do país em questão e em que

0:08:57.740,0:09:02.160
momento histórico está, e o nível civilizacional
do país, e o contexto da luta de classes

0:09:02.160,0:09:07.680
e tudo isso. Mas num determinado momento
específico nós sabemos o que é. Portanto nós sabemos o que é

0:09:07.680,0:09:14.480
e o trabalho opera essa duração que vai
reproduzir a força de trabalho — e ainda mais.

0:09:14.480,0:09:16.910
Isso é a mais valia. E a grande questão é:
'Quanto mais?'

0:09:16.910,0:09:25.480
Quantas horas mais que a quantidade fixa que
é necessária para reproduzir o valor da força de trabalho?'

0:09:25.480,0:09:36.200
E isto é algo que não é negociável
através das práticas normais de trocas do mercado.

0:09:36.200,0:09:42.850
É na verdade algo que é
montado de uma forma bastante conflitual

0:09:42.850,0:09:49.690
Então ele desenvolve uma conversação
entre o capitalista e o trabalhador;

0:09:49.690,0:09:55.810
e a questão é feita ao capitalista:
'O que é um dia normal de trabalho?'

0:09:55.810,0:10:00.880
E o capitalista diz: 'Bem, o dia de trabalho
deverá ser o mais longo possível, porque eu estou a comprar

0:10:00.880,0:10:07.760
esta mercadoria força de trabalho, e eu tenho o direito
a ela pelo tempo que eu quiser. E por isso eu vou

0:10:07.760,0:10:19.080
fincar o pé pelos meus direitos, e eu vou dizer:
'Eu quero obter o máximo que conseguir disto"

0:10:19.080,0:10:24.600
Mas claro existem certos limites. Então Marx
segue imediatamente: 'Há um elemento fluído aqui,

0:10:24.600,0:10:29.060
mas há obviamente limites, um deles é: os
limites físicos da força de trabalho. 'Não consegues trabalhar mais

0:10:29.060,0:10:35.880
que 24 horas por dia. E enfim, tens que
ter menos do que isso por meras razões físicas.

0:10:35.880,0:10:39.690
Mas existem igualmente limites sociais,
e ele introdu-los mais abaixo

0:10:39.690,0:10:44.790
"O trabalhador precisa de tempo para a satisfação
das suas necessidades intelectuais e sociais, cujo âmbito

0:10:44.790,0:10:49.410
cujo âmbito e número são determinados
pelo estado geral da civilização"

0:10:49.410,0:10:53.440
Lembram-se do elemento civilizacional
no valor da força de trabalho

0:10:53.440,0:11:00.490
Então este ele elemento civilizacional é integrado. Ele diz:
"A variação do dia de trabalho move-se, portanto,

0:11:00.490,0:11:09.910
dentro de barreiras físicas e sociais. Mas estas
barreiras são de uma natureza muito elástica…"

0:11:09.910,0:11:15.320

On the next page —342— he says:
"o capitalista tem as suas próprias perspectivas… enquanto capitalista…"

0:11:15.320,0:11:20.920
—lembrem-se— "…ele é apenas capital personificado.
A sua alma é a alma do capital." Mais uma vez isto é o Marx lindando

0:11:20.920,0:11:27.840
com papéis e não pessoas. "Contudo, o capital tem um único
impulso vital, o impulso de se valorizar, de

0:11:27.840,0:11:33.970
criar mais-valia… "O capital é trabalho morto que apenas
se anima à maneira de um vampiro…" e nós vamos ter montes

0:11:33.970,0:11:40.800
de vampiros, e lobisomens, e todos outros tipos
de personagens intrudizidos no relato de Marx aqui,

0:11:40.800,0:11:46.100
é "…à maneira de um vampiro, pela sucção de trabalho vivo,
e que vive tanto mais quanto dele sugar.

0:11:46.100,0:11:51.300
O tempo durante o qual o operário trabalha é o tempo
durante o qual o capitalista consome a força de trabalho

0:11:51.300,0:11:55.730
por ele comprada. Se o operário consome
o seu tempo disponível para si próprio, ele rouba

0:11:55.730,0:12:02.360
o capitalista. O capitalista faz então apelo à
lei da troca de mercadorias.

0:12:02.360,0:12:09.940
Ele procura obter o maior proveito possível
do valor de uso da sua mercadoria. Como qualquer um faria.

0:12:09.940,0:12:15.220
"De repente, porém, eleva-se a voz do operário…"
O que os trabalhadores dizem é o seguinte:

0:12:15.220,0:12:21.910
'Olha, tu podes tentar extrair o máximo que conseguires,
mas o que acontece se isso encurta a minha vida trabalhadora?

0:12:21.910,0:12:29.500
Eu não acho que seja justo. Acho que deveria
haver um dia de trabalho cuja duração não

0:12:29.500,0:12:37.800
encurte a minha vida.' E por aí adiante, neste diálogo,
o trabalhador também toma uma posição, que é

0:12:37.800,0:12:44.860
baseada na lei da troca. Agora, isto é
interessante, porque Marx não está aqui a falar da

0:12:44.860,0:12:51.410
falta de validade do processo de troca.
Ele está a dizer: 'Muito bem, nós assumimos, ambos os lados assumem

0:12:51.410,0:12:56.460
que o sistema de troca é OK, e que é justo;
igualdade contra igualdade.

0:12:56.460,0:13:05.470
Temos contudo a situação, de saber de quanto valor de uso
é que o trabalhador se vai privar.

0:13:05.470,0:13:14.930
E o trabalhador diz 'Eu tomo isto como sendo contra as leis do contrato,

0:13:14.930,0:13:20.040
e da lei de troca de mercadorias, se tu encurtas a minha vida trabalhadora'.

0:13:20.040,0:13:27.350
E o resultado é este — página [266 (Ed. Avante)] —
ele diz que: "O capitalista

0:13:27.350,0:13:34.180
afirma o seu direito enquanto comprador quanto tenta
fazer o dia de trabalho tão longo quanto possível,

0:13:34.180,0:13:38.720
e, se possível, de um dia de trabalho dois
Por outro lado

0:13:38.720,0:13:43.799
a natureza específica da mercadoria vendida implica
uma barreira ao seu consumo pelo comprador,

0:13:43.799,0:13:47.910
e o operário afirma o seu diretio enquanto vendedor quando
quer limitar o dia de trabalho a uma determinada

0:13:47.910,0:13:56.050
magnitude normal." Há aqui por isso uma antinomia,
de direito contra direito, ambos carregando o selo

0:13:56.050,0:14:03.040
da lei da troca. Entre direitos iguais, a força decide.

0:14:03.040,0:14:07.340
Por isso, na história da produção capitalista,
o estabelecimento de uma norma para o dia de trabalho

0:14:07.340,0:14:11.140
apresenta-se como uma luta pelos
limites daquele dia, uma luta entre

0:14:11.340,0:14:17.140
capital coletivo, ou seja, a classe dos capitalistas,
e trabalho colectivo, ou seja, a classe trabalhadora".

0:14:17.140,0:14:25.000
Então, finalmente, na página [266], temos a luta de classes. - Sim, estamos lá!

0:14:25.000,0:14:29.720
Mas há algumas coisas interessantes sobre esse argumento:

0:14:29.720,0:14:42.060
Primeiro é que Marx considera isso uma batalha
entre direitos iguais, e é uma relação de força.

0:14:42.060,0:14:48.260
E, como resultado disso, Marx é na verdade muito céptico
no que toca à conversa dos direitos.

0:14:48.260,0:14:53.150
O problema não é resolvido pela discussão de direitos.

0:14:53.150,0:14:59.020
Só pode ser resolvido através de conflito, através da luta.

0:14:59.020,0:15:04.420
E acho que hoje também temos que reconhecer
a importância deste argumento,

0:15:04.420,0:15:09.650
porque há muita conversa sobre direitos.

0:15:09.650,0:15:16.970
E eu acho extremamente interessante que a Amnistia Internacional,
que lida principalmente com direitos civis e políticos,

0:15:16.970,0:15:22.480
de vez em quando diz: 'Gostaríamos de estender isso
para o mundo dos direitos económicos.

0:15:22.480,0:15:25.959
Mas não dá para ir muito longe sem tomar partido na luta de classes;

0:15:25.959,0:15:30.400
ou fica do lado do capital ou do lado do trabalho.
Diante disso, a Anistia Internacional

0:15:30.400,0:15:39.060
retira-se da discussão. Porque eles não
querem cair nessa política particular.

0:15:39.060,0:15:48.670
Mas podemos ver o ponto de vista de Marx, na verdade aqui
temos uma situação em que não há como

0:15:48.670,0:15:53.720
se possa resolver o problema de "quem está certo
ou quem está errado '. Não é por aí;

0:15:53.720,0:16:02.440
através de uma discussão de direitos. E o capítulo acaba
com um tipo de declaração muito céptica sobre

0:16:02.440,0:16:11.890
a vaga Magna Carta sobre os direitos universais do Homem,
ao invés do que será alcançado através da luta de classes.

0:16:11.890,0:16:20.350
O segundo ponto sobre isto, é que Marx fala sobre isto,
e diz: "Entre direitos iguais a força decide".

0:16:20.350,0:16:28.620
Agora, força aqui, pode ocasionalmente significar simplesmente força física,

0:16:28.620,0:16:33.940
mas na verdade o principal impulso do capítulo
não é sobre isso, é sobre a força política.

0:16:33.940,0:16:43.200
É sobre conquista política. É sobre a capacidade
de mobilizar o poder político.

0:16:43.200,0:16:48.580
Então estamos falando de força, que,
sim, in extremis, vai ser sobre

0:16:48.580,0:16:52.710
violência e todo o resto. Mas aqui estamos na verdade a falar sobre

0:16:52.710,0:16:57.140
organização política, batalha política, luta de classe,
e todas as instituições da luta de classes.

0:16:57.140,0:17:03.100
Ele não diz muito sobre isso neste capítulo,
mas acho no entanto que está implícito que, quando

0:17:03.100,0:17:15.440
se fala assim, iremos dizer:
"Esta questão vai ser resolvida desta maneira particular."

0:17:15.440,0:17:21.960
Agora, neste ponto, acho que temos aqui algo
que é interessante, e merece algum comentário.

0:17:21.960,0:17:32.880
Ao definir as coisas desta maneira, Marx está se afastando
dos processos normais

0:17:32.880,0:17:39.480
pelo qual economistas e economistas políticos falam sobre o mundo.

0:17:39.480,0:17:47.070
E eu acho fascinante perguntarem-se a vós próprios:
aqueles entre vocês que tiveram aulas de economia:

0:17:47.070,0:17:52.080
Falaram sobre a duração do dia de trabalho como um ponto importante?

0:17:52.080,0:17:58.050
É ignorado, exceto talvez nalguma aula de economia do trabalho,
num lugar à parte.

0:17:58.050,0:18:04.410
A teoria geral da economia
não lida com esse problema.

0:18:04.410,0:18:08.160
Podem ler toda a economia-política clássica,
que não encontrarão

0:18:08.160,0:18:15.460
nenhum tipo de discussão sobre luta de classes
sobre a duração do dia de trabalho.

0:18:15.460,0:18:22.950
Podem ler John Locke, e não encontrarão nada
acerca da luta sobre a duração do dia de trabalho.

0:18:22.950,0:18:26.690
Mas quando colocam a questão historicamente:

0:18:26.690,0:18:31.940
Isso tem sido um aspecto importante da história capitalista?

0:18:31.940,0:18:35.570
É ainda hoje um facto muito significativo

0:18:35.570,0:18:40.630
de tudo o que está acontecendo à nossa volta, o tempo todo,
lutas ao longo do dia de trabalho,

0:18:40.630,0:18:44.780
a semana de trabalho, o ano de trabalho, a vida de trabalho?

0:18:44.780,0:18:50.390
Idades de reforma; quantos dias de férias;
todo esses tipos de coisas.

0:18:50.390,0:18:54.640
Estas coisas estão acontecendo ao nosso redor todo o tempo.

0:18:54.640,0:19:01.110
E do século 19 em diante isso tem sido
um aspecto muito significativo na forma como

0:19:01.110,0:19:09.360
sociedades capitalistas funcionaram. E aqui
temos Marx sendo bastante directo dizendo:

0:19:09.360,0:19:18.480
'O que minha teoria faz, é dizer imediatamente
porque é que é esse o caso e como é o caso'.

0:19:23.050,0:19:28.570
E nesse sentido vocês diriam: 'Bem, da próxima vez que um de vocês
- se alguém estiver afim - frequentar uma aula elementar de economia,

0:19:28.570,0:19:34.610
por que é que não se fazem perguntas sobre a duração
do dia de trabalho e como isso é determinado?

0:19:34.610,0:19:39.020
E as pessoas olharão para ti dizendo:
'Eu sei o qu andas a ler.' E de facto

0:19:39.020,0:19:43.470
vocês dirão: 'Bem, se não é possível falar disto
na vossa teoria, então está a escapar-vos

0:19:43.470,0:19:48.470
algo que é incrivelmente importante
nos termos da economia política do mundo,

0:19:48.470,0:19:51.280
e nós devemos poder falar sobre isso.'

0:19:51.280,0:19:56.220
E Marx, claro, diz: 'Este é um dos
primeiros assuntos que vem à minha atenção—

0:19:56.220,0:20:02.590
que é: irá ocorrer uma luta
sobre a duração do dia de trabalho.'

0:20:02.590,0:20:09.410
E essa luta é vital para compreender
como a sociedade capitalista se desenvolve,

0:20:09.410,0:20:14.070
e como se desenvolve, e quem ganha e quem perde,

0:20:14.070,0:20:18.200
e quem ganha temporariamente, e quem
perder mais tarde, e o que acontece quando

0:20:18.200,0:20:21.840
o capital se desloca para outro sítio,
onde pode instituir o dia de trabalho de

0:20:21.840,0:20:31.890
12 em vez de 8 horas, em vez de 6 horas.
Esse tipo de coisas começam a ser absolutamente importantes.

0:20:31.890,0:20:37.420
Este é a meu ver um dos primeiros pontos
onde, se interrogarem imediatamente,

0:20:37.420,0:20:43.040
a utilidade, o valor de uso se quiserem
chamar-lhe assim, do conceito de valor

0:20:43.040,0:20:48.960
diríamos: 'Uma das utilidades disto é
que imediatamente focamos a nossa atenção

0:20:48.960,0:20:53.680
neste assunto. E fá-lo de uma maneira,
que revela algo, que é:

0:20:53.680,0:21:01.180
isto não é um processo de troca do mercado,
isto é um processo de luta de classes.

0:21:01.180,0:21:05.430
Agora, existem alguns texto económicos dissidentes
por pessoas como Joan Robinson, que na verdade

0:21:05.430,0:21:11.270
introduzem alguns aspectos disto nos seus argumentos económicos.
Mas claro, são textos dissidentes

0:21:11.270,0:21:16.800
e tenho a certeza que não os encontrarão a serem ensinados
em nenhuma grande escola dos Estados Unidos quando

0:21:16.800,0:21:19.390
estiverem a ler introduções à economia

0:21:19.390,0:21:27.390
Mas Marx chama a atenção para outra coisa,
que vem na segunda seccção

0:21:27.390,0:21:35.370
Ele diz: 'Muito bem, a extração
de sobre-trabalho de um grupo na sociedade

0:21:35.370,0:21:42.020
para o benefício de outro grupo na sociedade
não é algo exclusivo do capitalismo.

0:21:42.020,0:21:53.330
Os teocratas Etruscos fizeram-no, Atenienses fizeram-no
os Egípcios fizeram-no, imperadores Astecas fizeram-no…

0:21:53.330,0:22:00.370
Quer dizer, a idea de sobre-trabalho,
que é retirada de um grupo

0:22:00.370,0:22:07.230
e devém propriedade, ou está sob controlo,
de outro grupo não é de todo incomum

0:22:07.230,0:22:11.930
Mas há uma grande diferença
entre sobre-trabalho e mais-valia.

0:22:11.930,0:22:20.620
E a forma específica do capitalismo é
que está preocupado com a mais-valia

0:22:20.620,0:22:27.890
E é a mais-valia extraída do trabalho assalariado,
como vimos em discussões anteriores sobre

0:22:27.890,0:22:35.679
a teoria da mais-valia. O facto é que:
o trabalhador assalariado não consegue identificá-la,

0:22:35.679,0:22:44.880
não consegue ve-la claramente; está mistificada; escondida detrás
do fetiche da troca do mercado

0:22:44.880,0:22:47.300
Então, como já foi mencionado da última vez,

0:22:47.300,0:22:51.500
não é como se um sino tocasse depois
de o sobre-trabalho ter sido reproduzido,

0:22:51.500,0:22:54.000
e então disséssemos: 'Ok, estou a trabalhar de borla
para o capitalista.'

0:22:54.000,0:23:01.740
Na verdade, Marx introduz aqui a ideia de que
na realidade, não é como se fosse apenas:

0:23:01.740,0:23:9.770
aquela parte do dia é a reprodução da força de trabalho,
e essa parte é o excedente. Na verdade, a cada 30 segundos

0:23:9.770,0:23:18.120
está-se como que a passar pelo esse
processo de 'produção excedente' + 'reprodução'.

0:23:18.120,0:23:23.780
Então dá para ver. Agora, noutras
sociedades, claro, dá para ver.

0:23:23.780,0:23:29.080
Numa sociedade esclavagista, e ele está
particularmente interessado no sistema de corveia

0:23:29.080,0:23:32.130
e no que o sistema de corveia faz.

0:23:32.130,0:23:38.870
E o sistema de corveia é introduzido de tal forma,
que, sim, há uma certa quantidade de trabalho,

0:23:38.870,0:23:47.990
que é dada àqueles que vão controlar o
excedente. E sabemos quantos dias são.

0:23:47.990,0:23:52.250
E Marx argumenta, que a evolução disso, não
adveio da escravidão. Na verdade, a escravidão

And Marx makes the point, that the evolution of that,
was not out of serfdom. Actually, serfdom

0:23:52.250,0:23:57.340
foi produzida através do sistema da corveia,
ao invés de ter sido a escravidão a gerar a corveia

0:23:57.340,0:24:03.370
O sistema da corveia chegou, e a escravidão brotou dele.

0:24:03.370,0:24:08.229
Mais uma vez, nós não estamos a lidar com uma sociedade de servidão,
que então introduz este sistema.

0:24:08.229,0:24:15.330
Nós estamos a olhar para o sistema, que
por sua vez produz estados de servidão

0:24:15.330,0:24:19.720
Mas então ele levanta o que eu considero
ser uma questão muito interessante:

0:24:19.720,0:24:23.810
O que acontece se um sistema desse tipo

0:24:23.810,0:24:32.170
se integrar num sistema capitalista,
que é acerca da produção de mais-valia?

0:24:32.170,0:24:35.320
Qual é a grande diferença?

0:24:35.320,0:24:37.970
A grande diferença é esta:

0:24:37.970,0:24:41.120
E este argumento já foi feito antes.

0:24:41.120,0:24:44.800
Existe um limite no qual se pode
acumular valores de uso.

0:24:44.800,0:24:50.850
Então, se se criam valores de uso
para o amo, há um limite

0:24:50.850,0:24:56.250
para a quantidade que o amo consegue absorver,
o que está mesmo interessado em ter.

0:24:56.250,0:25:02.490
Mas a partir do momento em que são monetarizados,
e o dinheiro é reconhecido como poder social,

0:25:02.490,0:25:04.720
não há limite

0:25:04.720,0:25:13.040
O resultado, diz ele, é que quando um sistema deste tipo
entra em contacto com o processo

0:25:13.040,0:25:19.650
de acumulação do capital, que é por defeito
ilimitado, é posta imensa pressão

0:25:19.650,0:25:25.320
no sistema da corveia, e tornamo-nos extremamente exploráveis.

0:25:25.320,0:25:28.559
E isto é parte do argumento acerca do que
aconteceu com a escravatura na América do Sul;

0:25:28.559,0:25:34.480
é também o argumento que ele invoca
em relação ao sistema da corveia.

0:25:34.480,0:25:41.480
Mas eis que há algo interessante, que ele chama a atenção.

0:25:43.830,0:25:51.630
Na página [270 Ed. Avante] ele começa
a falar no 'Règlement Organique',

0:25:51.630,0:26:01.640
e ele começa por dizer, que isto requer 12 dias de trabalho

0:26:01.910,0:26:7.920
Aqui começamos a ver outra coisa a passar-se,
e que vai ser extremamente importante para a forma

0:26:7.920,0:26:16.919
como entendemos a dinâmica do capitalismo. Esses 12 dias
de trabalho não são necessariamente medidos em dias.

0:26:16.919,0:26:21.220
Eles são medidos em quanto conseguimos fazer num dia teoricamente.

0:26:21.220,0:26:27.330
Então tomamos essa quantidade — e acontece
que são necessários 36 dias para completar um trabalho de 12 dias.

0:26:27.330,0:26:34.990
E continua, e ele aborda a forma como
os cálculos são feitos, e depois termina

0:26:34.990,0:26:43.580
dizendo na página [271]: "Os doze dias de trabalho forçado do Règlement organique,
exclamou um boiardo enebriado pela vitória,

0:26:43.110,0:26:55.920
elevam-se a 365 dias no ano". Agora, quero que
prestem atenção ao seguinte aqui, que é,

0:26:55.920,0:27:00.710
eu acho, muito importante, que é a temporalidade.
O que é o tempo?

0:27:00.710,0:27:11.040
Porque na verdade, o que o boiardo faz,
é redefinir a temporalidade e redefinir o que define o tempo.

0:27:11.040,0:27:19.880
A toda a definição de temporalidade
começa a entrar na discussão.

0:27:19.880,0:27:26.920
A a definição capitalista de temporalidade é especial ao capitalismo.

0:27:26.920,0:27:32.000
De facto, espera que o trabalhador opere 365 dias por ano.

0:27:32.000,0:27:37.640
Esqueçam os 12 dias de trabalho, 365 dias por ano.

0:27:37.640,0:27:47.169
É o que é de esperar—da perspectiva de um capitalista. O trabalhador dirá:
'Eu quero tempo livre! Quero todo tipo de coisas desse género.'

0:27:47.169,0:27:55.040
Então, o que este capítulo faz é começar a falar
de forma um pouco mais específica

0:27:55.040,0:28:05.990
como o tempo é construído e como é normalizado
de certa maneira. Voltaremos a isto.

0:28:05.990,0:28:14.710
Vemos aqui a ideia de que o tempo pode ser redefinido
de uma certa forma por um processo social

0:28:14.710,0:28:20.470
E a redefinição acaba por ser um projecto de uma classe.

0:28:20.470,0:28:25.060
Isto é: esta redefinição não é apenas feita por algum
governante imperial ou algo do género,

0:28:25.060,0:28:28.440
é o resultado de um projecto de uma classe.

0:28:28.440,0:28:38.440
Então, a redefinição da temporalidade é feita de uma maneira,
que beneficia essa classe, que vai extrair

0:28:38.440,0:28:45.850
o sobre-trabalho e mais adiante a mais-valia.

0:28:45.850,0:28:52.070
O Marx faz é trocar de perspectivas.
Na próxima passagem ele fala sobre

0:28:52.070,0:29:00.890
a tendência oposta, que não é esticar o tempo dessa
forma, mas restringi-lo de outra forma.

0:29:00.890,0:29:05.160
Ele introduz a ideia dos 'Actos das Fábricas Inglesas'
[English Factory Acts.]

0:29:05.160,0:29:09.660
Que diz: "são expressões negativas da mesma avidez.

0:29:09.660,0:29:15.049
Estas leis refreiam o ímpeto do capital na sucção desmedida
da força de trabalho…" uma vez mais, essa sucção

0:29:15.049,0:29:23.600
ilimitada de força de trabalho é significante,
contra à capacidade ilimitada de acumular capital dinheiro.

0:29:23.600,0:29:30.130
"…sucção desmedida da força de trabalho pela limitação
violenta do dia de trabalho pelo Estado

0:29:30.130,0:29:36.950
que o capitalista e o senhorio dominam."

0:29:36.950,0:29:41.059
E prossegue: "Abstraindo de um movimento operário crescente,
cada dia mais ameaçador,

0:29:41.059,0:29:48.020
a limitação do trabalho fabril foi ditada pela mesma necessidade
que lançou o guano nos campos ingleses.

0:29:48.020,0:29:53.399
A mesma rapacidade cega que, num caso, havia
esgotado a terra, atacava pela raíz, no outro

0:29:53.399,0:29:59.510
a força vital da nação."

0:29:59.510,0:30:09.040
Isto é interessante. Alguns pontos interessantes aqui.

0:30:09.040,0:30:21.970
Primeiro: Porque é que um estado governado por capitalistas e
senhorios concordaria em limitar a duração de um dia de trabalho?

0:30:21.970,0:30:28.970
E fazendo-o, apesar do facto de haver um movimento da classe
trabalhadora que se tornou mais ameaçador?

0:30:30.440,0:30:40.640
E na verdade, O que Marx irá fazer, é falar sobre as
relações de classe entre estes vários grupos na sociedade,

0:30:40.640,0:30:51.880
e como estas relações se cruzam nesta luta
em torno da regulação do dia de trabalho.

0:30:51.880,0:31:07.200
Imediatamente é introduzida aqui a ideia de que
'os capitalistas se tiverem rédea solta é provável que possam ir longe demais'

0:31:07.200,0:31:14.649
E se nos recordarmos do seu argumento sobre riqueza —não é valor—
as origens da riqueza

0:31:14.649,0:31:25.280
são a terra, levando-o a dizer: "a terra é a mãe,
e o trabalho é o pai da riqueza".

0:31:25.280,0:31:29.110
Estas são as duas origens essenciais da riqueza,

0:31:29.110,0:31:34.590
e os capitalistas deixados a si mesmos, sem
nenhum tipo de regulamentação, são capazes de destruir ambos.

0:31:34.590,0:31:44.640
Destruirão o ambiente, recursos naturais,
bem como destruirão o poder de trabalho

0:31:44.640,0:31:51.700
e a força de trabalho por sobre exploração,
a não ser que sejam vigiados.

0:31:51.700,0:31:58.530
Há então aqui um elemento de interesse de classe em
até mesmo se vigiarem a si próprios — e voltaremos a isto

0:31:58.530,0:32:05.630
mais tarde— e um reconhecimento de que as coisas
podem ir demasiado longe,

0:32:05.630,0:32:10.250
mesmo por parte da classe capitalista.
Apesar de vermos neste capítulo

0:32:10.250,0:32:17.630
que isso foi muito pouco desenvolvido até aos finais
do período de que Marx fala.

0:32:17.630,0:32:22.890
Mas então há ainda outro elemento
que entra agora aqui, que é o estado.

0:32:22.890,0:32:26.190
Mais uma vez, ainda não temos aqui uma teoria do estado

0:32:26.190,0:32:34.840
temos um bocado disso no capítulo acerca do dinheiro,
porque o estado é absolutamente essencial na regulação do dinheiro.

0:32:34.840,0:32:39.790
Mas aqui vemos o estado a entrar numa outra dimensão.

0:32:39.790,0:32:46.790
E essa dimensão, eu acho, é muito claramente
exposta na nota de rodapé 13

0:32:46.830,0:32:51.930
Que é: 'é do interesse do estado manter

0:32:51.930,0:33:00.889
uma classe trabalhadora alimentada e com saúde
suficiente para ir para a guerra.

0:33:00.889,0:33:07.320
E se ela estiver tão doente, e dizimada
e tão enferma,

0:33:05.410,
e tão acabada, e tudo o mais,

0:33:07.320,0:33:12.020
e a levarmos para uma batalha, ela
não vai poder fazer grande coisa.

0:33:12.020,0:33:22.820
Então o estado tem interesse em ter uma base
para no mínimo ter um exército saudável.

0:33:22.820,0:33:28.530
E esta veio a ser uma preocupação
durante grande parte do séc. XIX

0:33:28.530,0:33:36.250
Havia uma grande explicação acerca de como
o exército alemão passou tão facilmente por cima

0:33:36.250,0:33:41.200
do exército francês em 1870.

0:33:41.200,0:33:49.750
E essa explicação era a de que os camponeses prussianos
estavam muito melhor alimentados que os franceses

0:33:49.750,0:33:59.530
Eram muito mais saudáveis, enquanto que a classe trabalhadora francesa
era absolutamente incapaz de pegar numa espingarda

0:33:59.530,0:34:07.300
Havia então esta preocupação. E na verdade, encontraremos
esta preocupação na segunda guerra mundial.

0:34:07.300,0:34:11.979
Quando se começaram a recrutar pessoas
para as forças armadas,

0:34:11.979,0:34:16.339
depararam-se com imensas pessoas que não eram saudáveis o suficiente
para integrar as forças armadas

0:34:16.339,0:34:22.849
Isto foi assim na Grã-Bretanha; havia muita gente
vinda de East End [de Londres],

0:34:22.849,0:34:26.279
zonas empobrecidas, que simplesmente
não eram aptas para ir para a guerra.

0:34:26.279,0:34:36.259
E até um certo ponto, isso levou ao surgimento de mais consenso
em torno de ideias mais socialistas depois da Segunda Guerra.

0:34:36.259,0:34:42.679
Em parte por razões militares,
mas, também, por outras razões.

0:34:42.679,0:34:53.129
Assim, estas questões acerca da sobre exploração
de força de trabalho têm a sua ressonância.

0:34:53.129,0:35:01.400
E é neste ponto também, que Marx introduz na sua história
a figura dos inspectores fabris.

0:35:01.400,0:35:03.780
Marx não conseguiria ter escrito este capítulo

0:35:03.780,0:35:11.280
sem o testemunho dos inspectores fabris.
Ele baseia-se fortemente nos inspectores fabris.

0:35:11.280,0:35:18.699
Enquanto as classes capitalistas, ele menciona mais
para o fim, ficaram tão furiosas com tudo

0:35:18.699,0:35:22.059
o que os inspectores fabris andavam a produzir.

0:35:22.059,0:35:31.390
Basicamente descreviam-nos como "comunas" e "vermelhos",
e como na Convenção do período da revolução francesa.

0:35:31.390,0:35:36.209
Uma pessoa tem outra vez que se perguntar:
porque é que na ausência

0:35:36.209,0:35:41.409
de um poder político por parte da classe trabalhadora,
o parlamento montou

0:35:41.409,0:35:47.519
as inspecções nas fábricas, e porque é que os inspectores
na realidade ajudaram a pressionar bastante as coisas?

0:35:47.519,0:35:53.369
Quando vemos o seu testemunho, temos de reconhecer
que eles não estavam simplesmente ali plantados

0:35:53.369,0:35:59.009
a dizer: 'Bem, não me vou chatear com isto'.
Não é que fossem monos,

0:35:59.009,0:36:02.959
como OSHA (Occupational Safety and Health Administration)
se veio a tornar, desde Reagan a Bush

0:36:02.959,0:36:06.640
e tudo o mais. Não era que eles não
estivessem preparados para desafiar as coisas.

0:36:06.640,0:36:11.509
Eles são tremendamente desafiantes em toda esta literatura.

0:36:11.509,0:36:16.249
O que Marx está a apalpar aqui é algo
que é importante do ponto de vista político

0:36:16.249,0:36:24.339
e que ele menciona de passagem;
é um sentimento de reformista burguês

0:36:24.339,0:36:32.729
que era muito forte no séc. XIX em Inglaterra.
E remonta à ideia: 'o que é civilizado?´

0:36:32.729,0:36:35.119
O que é civilizado?

0:36:35.119,0:36:45.029
Os seus segmentos da burguesia, ficando verdadeiramente chocados
com as situações não civilizadas que viam nas fábricas.

0:36:45.029,0:36:50.289
E eles chocaram-se com o que viam como a imoralidade,
chocados com as condições de trabalho,

0:36:50.289,0:36:57.879
chocados com todo este tipo de coisas,
levando então a uma tendência reformista na burguesia.

0:36:57.879,0:37:02.309
e estava lá, era bastante forte.

0:36:59.729,0:37:07.109
Vocês vêm isso hoje em protestos contra trabalho em sweatshops

0:37:07.109,0:37:11.769
muitas das pessoas protestando contra isso
não são em si trabalhadores,

0:37:11.769,0:37:17.329
são elementos burgueses de classe média
que dizem que tal não pode acontecer,

0:37:17.329,0:37:24.939
que não devemos usar roupa que é feita por
crianças guatemaltecas de 14 anos.

0:37:24.939,0:37:27.019
Isso é errado.

0:37:27.019,0:37:32.009
Encontrarão portanto uma história persistente desse sentimento

0:37:32.009,0:37:37.890
de moralidade civilizada. Marx na realidade beneficia disso
porque em parte era daí

0:37:37.890,0:37:44.389
que vinham os inspectores fabris, mas também vinham

0:37:43.579,0:37:54.709
de uma história concreta de luta,
que já falaremos num momento.

0:37:54.709,0:38:10.459
Isso leva Marx a olhar mais de perto
como o dia de trabalho é realmente determinado

0:38:10.459,0:38:19.539
Ele extrai daqui um princípio crucial que vai nos
vai mais uma vez conectar à teoria do valor.

0:38:19.539,0:38:33.169
E isto está bem explícito na página 352 [pág. 275 Ed. Avante]
onde ele fala acerca da forma como

0:38:33.169,0:38:38.549
—e isto são os testemunhos dos inspectores fabris—

0:38:38.549,0:38:45.900
como o capital se comporta, ele diz: "Estes «pequenos roubos»
do capital ao tempo da refeição

0:38:45.900,0:38:51.029
e ao tempo de descanso […] também os inspectores fabris designam como

0:38:51.029,0:38:57.739
«surripiar alguns minutos», ladroíce de minutos
ou, como lhe chamam tecnicamente os operários,

0:38:57.739,0:39:01.539
«mordiscar e ratinhar nas horas de refeição»

0:39:01.539,0:39:09.369
"Vê-se que, nesta atmosfera, a formação
da mais-valia através do sobretrabalho não é nenhum mistério."

0:39:09.369,0:39:16.369
e então ele cita alguém que diz:
"os instantes são os elementos do lucro".

0:39:19.209,0:39:24.109
Esta ideia de que os instantes
são os elementos do lucro é importante

0:39:24.109,0:39:31.890
porque o que sugere é que os capitalistas
estão vitalmente interessados em cada instante

0:39:31.890,0:39:38.650
em que o trabalhador está na fábrica. Eles querem vigiar
cada momento, controlar cada momento.

0:39:38.650,0:39:45.689
Isto regressa ao facto de que valor
é tempo socialmente necessário.

0:39:45.689,0:39:52.869
Assim sendo, se o trabalhador vai ao WC demasiadas vezes
o capitalista está a perder valor

0:39:52.869,0:40:03.309
e mais-valia; se o trabalhador gasta demasiado tempo
a almoçar, intervalos para lanchar ou assim,

0:40:03.309,0:40:09.359
é uma perda de valor para os capitalistas;
uma perda de mais-valia.

0:40:09.359,0:40:16.749
Assim o capitalista torna-se absolutamente obcecado
com o tempo e a gestão,

0:40:16.749,0:40:22.909
a gestão do tempo dos trabalhadores.

0:40:22.909,0:40:32.319
e isto torna-se um princípio geral capitalista
que se infiltra em todos os aspectos da sociedade.

0:40:32.319,0:40:42.119
Lembro-me, de uma vez ser instruído por um grupo de
professores de Harvard supostamente muito sábios

0:40:42.119,0:40:49.640
em como ensinar uma turma nova de universitários
a como sobreviver na universidade.

0:40:49.640,0:40:54.439
E o primeiro princípio que eles explicaram,
e no qual perderam a maior parte do tempo,

0:40:54.439,0:41:01.359
era gestão do tempo. E eu perguntei-lhes:
'Querem dizer que isto é uma fábrica ou quê?'

0:41:01.359,0:41:07.069
— 'Não, se não souberem gerir o seu tempo…
E como professor tem que instruí-los

0:41:07.069,0:41:11.379
na gestão do tempo. Tem que estar em cima da sua gestão temporal
e se eles falharem na sua gestão do tempo

0:41:11.379,0:41:15.759
tem que lhes dizer imediatamente que eles têm um
problema como a sua gestão do tempo.'

0:41:15.759,0:41:22.170
Isto tornou-se já num princípio geral da sociedade capitalista.
Mas Marx está a falar disto dento da fábrica;

0:41:22.170,0:41:27.229
isto é crucial. Instantes são os elementos do lucro.

0:41:27.229,0:41:33.709
O que isto significa é que existe uma pressão contínua
inerente ao sistema capitalista para tentar capturar

0:41:33.709,0:41:41.749
mais e mais desses instantes e de se certificar de como
esses instantes são utilizados

0:41:41.749,0:41:50.889
Adoro aqueles filmes dos anos 40 onde as pessoas telefonam
para o operador e têm uma conversa com ele

0:41:50.889,0:41:52.949
e daí partem para outra coisa, sabem?..

0:41:52.949,0:41:57.439
Vocês tentam ter uma troca de palavras com um operador no AT&T por estes dias

0:41:57.439,0:42:07.539
Eles têm que lidar com um certo número de chamadas por hora
e se não o fizerem são despedidos.

0:42:07.539,0:42:11.619
E de cada vez que o número de chamadas é aumentado,
menos tempo há para falar.

0:42:11.619,0:42:15.279
Então se tens um problema a sério e pretendes falar-lhes
de algo eles deixam-te pendurado

0:42:15.279,0:42:18.890
porque eles não se podem dar ao luxo.
Isto acontece! Aconteceu-me a mim na semana passada.

0:42:18.890,0:42:24.890
Tive um problema com o meu telefone, e estava a tentar arranja-lo
e ninguém atendia. Depois de a coisa se complicar

0:42:24.890,0:42:33.589
desligaram-me e depois tive de passar por todas as mensagem de telefone outra vez
só para voltar e dizer: 'Olhe já me desligaram duas vezes'

0:42:33.589,0:42:42.549
Este é o tipo de mundo em que vivemos, em que momentos
são os elementos do lucro e isso é tudo o que importa.

0:42:42.549,0:42:45.959
Marx está, penso eu, conectando isso a esta ideia.

0:42:45.959,0:42:49.589
Instantes são os momentos do lucro,
é o que a teoria de valor te diz,

0:42:49.589,0:42:57.049
e é o que a teoria da mais-valia diz,
será mobilizada no processo de produção.

0:42:57.049,0:43:00.889
Isto leva-o a olhar outra vez a como
isto funciona em diferentes áreas.

0:43:00.889,0:43:04.000
e vou falar delas. Nós estamos a falar acerca da

0:43:04.000,0:43:13.899
indústria de cerâmica, a manufactura de fósforos,
fabrico de pão, todas essas coisas.

0:43:13.899,0:43:23.819
Ele então fala sobre os acidentes nos caminhos de ferro e de como
quando muita gente tem de trabalhar

0:43:23.819,0:43:26.339
30 horas contínuas, erram muitas vezes.

0:43:26.339,0:43:31.049
Há este exemplo de um acidente onde as pessoas
estavam a trabalhar durante tanto tempo

0:43:31.049,0:43:35.709
que até o médico legista diz "bem, se calhar
não o devia ter feito, mas…"

0:43:35.709,0:43:40.519
e depois há o caso conhecido da "…Mary Anne Walkley, de vinte anos,

0:43:40.519,0:43:46.279
empregada numa muito respeitável manufactura de artigos de moda […]
explorada por uma senhora com o bonito nome de Elise.

0:43:46.279,0:43:49.890
A velha história, muitas vezes contada, era agora de novo descoberta.

0:43:49.890,0:43:55.390
que estas raparigas trabalham ininterruptamente em média 16 1/2 horas,
porém durante a estação muitas vezes 30 horas,

0:43:55.390,0:44:00.989
conservando-se a sua fraquejante «força de trabalho» em fluxo
graças a um ocasional aprovisionamento de Sherry, vinho do porto ou café."

0:44:00.989,0:44:07.949
"Mary Anne Walkley trabalhou 26 1/2 horas sem interrupção […]
juntamente com outras 60 raparigas, 30 em cada sala."

0:44:07.949,0:44:11.099
"… de noite dormiam duas a duas…"

0:44:11.099,0:44:15.749
"…Mary Anne Walkley […] morreu devido a longas horas de trabalho
numa sala de trabalho superlotada

0:44:15.749,0:44:19.539
e num quarto de dormir demasiado pequeno e mal ventilado."

0:44:19.539,0:44:29.140
Vejamos, morrer de excesso de trabalho não é um fenómeno incomum.

0:44:29.140,0:44:31.739
Mas neste caso

0:44:31.739,0:44:38.940
creio que o médico disse que foi apoplexia,
que talvez tenha sido potenciada pelas condições de trabalho.

0:44:38.940,0:44:47.109
Não me consigo lembrar do termo exacto para isso, os japoneses
têm na realidade uma palavra para quando se morre de demasiado trabalho
I can't remember the actual term for it, the Japanese [Karōshi],

0:44:47.109,0:44:51.889
e há uma categoria no Japão, que pretendem utilizar.
Nós não usamos essa categoria

0:44:51.889,0:44:55.829
neste país, por isso não será possível
consultar os dados estatísticos e encontrar

0:44:55.829,0:44:58.239
quantas pessoas morreram de trabalho árduo.

0:44:58.239,0:45:09.380
Mas se se derem ao trabalho de verificar, creio que encontrarão
que seria uma categoria significante

0:45:09.380,0:45:13.539
na nossa sociedade. Em todo o caso, à medida que termina
o capítulo ele fala acerca

0:45:13.539,0:45:21.279
da diminuição da esperança de vida; que em vez de se
viver até aos 50, morre-se aos 37.

0:45:21.279,0:45:24.939
Os índices da esperança média de vida são muito interessantes.

0:45:24.939,0:45:29.919
Por exemplo na indústria de aço em
Baltimore em 1970, por aí,

0:45:29.919,0:45:36.219
a esperança de vida de um trabalhador era 64 anos,
por oposição aos 72, mais ou menos o que era em então a média.

0:45:36.219,0:45:40.579
E mesmo se comparados com a comunidade afro-americana,
que tem uma esperança média mais baixa,

0:45:40.579,0:45:46.309
porque muitos dos operários do aço eram afro-americanos,
ainda se encontra uma esperança média de vida reduzida

0:45:46.309,0:45:49.529
nessa indústria. E encontraremos a mesma coisa em muitas

0:45:49.529,0:45:54.029
áreas de trabalho como mineração de carvão, e tudo o mais.
Então, toda a questão da

0:45:54.029,0:46:02.849
esperança de vida, de morrer de sobre trabalho,
é um elemento muito significante de todo o sistema.

0:46:02.849,0:46:09.249
Isto leva-nos de seguida à secção 4, onde
Marx fala acerca do trabalho diurno e nocturno.

0:46:09.249,0:46:15.390
Neste ponto deparamo-nos com algo com que já lidamos antes;

0:46:15.390,0:46:21.540
que é a ideia de que assim que os capitalistas têm
dinheiro investido em máquinas e capital,

0:46:21.540,0:46:28.849
eles querem recuperá-lo o mais depressa possível. Isto é:
querem o capital sempre a trabalhar, 24 horas por dia.

0:46:28.849,0:46:35.739
O que leva imediatamente à necessidade de ter trabalho disponível
24 horas por dia. Como é que isso vai ser alcançado?

0:46:35.739,0:46:48.079
Através do sistema de turnos.
E este sistema de turnos torna-se um factor significante

0:46:48.079,0:46:54.169
da mobilização do trabalho. Mais uma vez,
consegue dissimular em muitas formas as contingências inerentes

0:46:54.169,0:46:59.829
a certas noções da duração do dia de trabalho.
Podemos começar a desconstruir o sistema de turnos em peças.

0:46:59.829,0:47:07.149
Pessoas trabalham peças diferentes em diferentes alturas.
E isto também se torna numa grande pressão,

0:47:07.149,0:47:14.149
que tem de ser resistida por parte dos trabalhadores.

0:47:14.799,0:47:29.130
Depois a secção 5, que começa na pág. 375 [301 ed. avante]
"A luta pelo dia de trabalho normal"

0:47:29.130,0:47:57.890
E esta luta pelo dia de trabalho normal conduz-nos,
levando-nos a compreender

0:47:48.629,0:47:57.890
a dinâmica que guia a forma como o capitalista
aborda a questão do trabalho.

0:47:57.890,0:48:02.359
Começa por dizer,

0:48:02.359,0:48:06.319
no que diz respeito ao capitalista "É desde logo evidente que o operário,
ao longo de todos os seus dias de vida,

0:48:06.319,0:48:09.229
nada é senão força de trabalho;

0:48:09.229,0:48:15.299
que, por isso, todo o seu tempo disponível é,
por natureza e direito…" —reparem: por direito—

0:48:15.299,0:48:19.769
"…tempo de trabalho e pertence, portanto,
à auto-valorização do capital.

0:48:19.769,0:48:26.309
Tempo para formação humana, para o desenvolvimento espiritual,
para o preenchimento de funções sociais, para o convívio social,

0:48:26.309,0:48:33.819
para o livre jogo das forças vitais físicas e espirituais,
até para a celebração do domingo […] — pura treta!

0:48:33.819,0:48:40.389
Mas, no seu impulso desmedidamente cego, na sua avidez de lobisomem
por sobretrabalho, o capital derruba as barreiras máximas do dia de trabalho

0:48:40.389,0:48:44.609
não só as morais mas também as puramente físicas.
Ele usurpa o tempo para o crescimento, desenvolvimento

0:48:44.609,0:48:46.839
e saudável conservação do corpo.

0:48:46.839,0:48:50.390
Rouba o tempo requerido para o consumo ao ar livre e luz solar.

0:48:50.390,0:48:56.659
Corta no tempo da refeição e incorpora-o,
sempre que possível, ao próprio processo de produção…"

0:48:56.659,0:48:59.609
Se conhecem o filme de Charlie Chaplin: "Tempos Modernos"

0:48:59.609,0:49:05.619
recordar-se-ão daquela célebre cena onde ele tenta
comer enquanto está ligado com a máquina, algo assim.

0:49:05.619,0:49:09.349
"…de modo que os alimentos são adicionados ao operário
como a um mero meio de produção

0:49:09.349,0:49:12.299
como o carvão à caldeira, e o sebo ou o óleo à maquinaria.

0:49:12.299,0:49:16.349
Ele reduz o sono saudável para recobro,
renovação e refrescamento da força vital

0:49:16.349,0:49:22.849
àquelas tantas horas de torpor que a reanimação
de um organismo absolutamente esgotado torna indispensável."

0:49:22.849,0:49:26.639
"Em vez da normal conservação da força de trabalho
ser aqui a barreira do dia de trabalho, inversamente,

0:49:26.639,0:49:30.690
o maior dispêndio diariamente possível
de força de trabalho

0:49:30.690,0:49:38.519
por muito doentiamente violento e doloroso que seja,
determina a barreira para o tempo de descanso do operário."

0:49:38.519,0:49:42.099
O capital não pergunta…" —e já agora, porque é que deveria?

0:49:42.099,0:49:45.939
"…pela duração de vida da força de trabalho.
O que lhe interessa é pura e exclusivamente o máximo

0:49:45.939,0:49:50.349
de força de trabalho que, num dia de trabalho, pode ser feito fluir.

0:49:50.349,0:49:53.389
Atinge este objectivo por encurtamento da duração da força de trabalho,

0:49:53.389,0:50:02.729
como um agricultor ganancioso alcança um maior rendimento
do solo por roubo da fertilidade da terra."

0:50:02.729,0:50:06.219
Ele diz então nos 2 parágrafos seguintes:

0:50:06.219,0:50:14.589
'Num determinado momento até os capitalistas poderão reconhecer
que isto é uma coisa estúpida de se fazer,

0:50:14.589,0:50:21.529
que se está a destruir a fonte da valor e riqueza.'

0:50:21.529,0:50:30.369
Assim, sugere na pág. [303] , aquilo que esperávamos
que um capitalista racional teria já considerado

0:50:30.369,0:50:38.559
Diz: "O capital parece ser, pois, no seu próprio interesse
remetido para um dia de trabalho normal."

0:50:38.559,0:50:41.929
Ele prossegue falando acerca do detentor de escravos, e diz:

0:50:41.929,0:50:54.640
Os donos de escravos guardam os seus escravos, mas fazem-no
quando é difícil para eles encontrar substitutos.

0:50:54.640,0:51:00.659
Se é fácil obter substitutos então
simplesmente os matam e compram mais,

0:51:00.659,0:51:04.380
porque é que te haverias de importar?

0:51:04.380,0:51:08.449
E assim ele diz na pág. [303]
"Leia-se em vez de comércio de escravos, mercado de trabalho,

0:51:08.449,0:51:18.539
em vez de Kentucky e Virgínia, Irlanda e os districtos agrícolas de
Inglaterra, da Escócia e de Gales, em vez de África, Alemanha!

0:51:18.539,0:51:37.179
O que ele está a começar a trazer aqui é a ideia de que um excedente de trabalho
tem um papel crucial a desempenhar na forma como tudo isto funciona.

0:51:37.179,0:51:46.159
Ele primeiro aborda a forma como um excedente de trabalho
ou uma 'sobre-população' no Sul foi enviada para o Norte

0:51:46.159,0:51:49.409
sobre a égide dos Comissários da Lei dos Pobres.

0:51:49.409,0:51:57.619
Por outras palavras: é preciso trabalho no norte,
para as pessoas que estavam nos districtos agrícolas do sul

0:51:57.619,0:52:01.559
vigorava a "Lei dos Pobres."
maintained in the "Poor Law". Assim que foram ao abrigo da "lei dos Pobres",
os comissários tomaram conta deles

0:52:01.559,0:52:06.579
transportaram-nos para norte e puseram-nos em fábricas.

0:52:06.579,0:52:14.179
Isto leva-nos na pág. [305] a um argumento muito importante:

0:52:14.179,0:52:20.209
"O que a experiência geralmente mostra ao capitalista
é uma constante sobrepopulação,

0:52:20.209,0:52:27.099
isto é, sobrepopulação em relação à
momentânea necessidade de valorização do capital,

0:52:27.099,0:52:32.270
embora aquela forma a sua corrente a partir de gerações humanas enfezadas,
de vida curta, que rapidamente se suprimem,

0:52:32.270,0:52:35.719
por assim dizer, são colhidas antes de estarem maduras."

0:52:35.719,0:52:39.519
"…a experiência mostra […] ao observador avisado a rapidez e profundidade

0:52:39.519,0:52:44.289
com que a produção capitalista […]
atingiu a força do povo na sua raiz vital.

0:52:44.289,0:52:47.529
ele fala então da "degeneração da população industrial"

0:52:47.529,0:52:54.529
que "só é retardada pela constante absorção
de alimentos vitais naturais do campo."

0:52:56.789,0:53:02.699
Este tema do sobretrabalho é crítico.

0:53:02.699,0:53:09.629
É algo que regressará uma e outra vez
ao longo de todo o Capital.

0:53:09.629,0:53:17.949
Que é apenas quando existe um sobretrabalho grande
que se está numa posição de disciplinar os trabalhadores existentes

0:53:17.949,0:53:29.749
e também substituí-los conforme necessário,
a salários relativamente baixos.

0:53:29.749,0:53:36.899
Isto leva Marx a dizer que, quando existe uma situação
em que existe uma população deste género

0:53:36.899,0:53:43.999
os capitalistas têm uma maneira simples de pensar.

the capitalists have a simple way of thinking.
Which he suggests on page 381:

0:53:43.999,0:53:50.170
"Après moi le déluge! is the watchword of every capitalist
and of every capitalist nation.

0:53:50.170,0:53:56.890
Capital therefore takes no account of the health and
the length of life of the worker, unless society forces it to do so.

0:53:56.890,0:54:03.099
Its answer to the outcry about the physical and mental degradation,
the premature death, the torture of over-work, is this:

0:54:03.099,0:54:08.239
Should that pain trouble us, since it increases our pleasure (profit)?

0:54:08.239,0:54:15.569
But looking at these things as a whole, it is evident that this does not
depend on the will, either good or bad of the individual capitalist.

0:54:15.569,0:54:26.179
Under free competition, the immanent laws of capitalist production
confront the individual capitalist as a coercive force external to him."

0:54:26.179,0:54:38.519
Here also there's a very important theme, what Marx calls the coercive laws of competition.
Individual capitalists don't have a choice;

0:54:38.519,0:54:45.969
If I'm an individual capitalist and I want to be nice to my workers,
pay them a lot, only employ them 6 hours a day,

0:54:45.969,0:54:51.769
and I'm competing with somebody who's paying them very little
and working them 12 hours a day,

0:54:51.769,0:54:56.669
como é que eu me posso aguentar no negócio?

0:54:56.669,0:55:05.419
Marx está aqui a dizer: 'não interessa se tu és um capitalista simpático
ou se és um capitalista ganancioso, horrível, repelente ou sádico.

0:55:05.419,0:55:08.369
Vocês vão todos ter de descer ao mesmo nível

0:55:08.369,0:55:12.880
porque é para aí que as leis coercivas da competição vos vão empurrar.

0:55:12.880,0:55:17.289
Este tema das leis coercivas da competição enquanto um mecanismo

0:55:17.289,0:55:29.759
que disciplina capitalistas individuais
vai ser muito importante no restante deste livro.

0:55:35.289,0:55:43.839
Isto leva-o à próxima secção,
acerca da regulação do dia normal de trabalho,

0:55:43.839,0:55:53.399
sobre o qual ele vai falar, como resultado de séculos
de luta entre o capitalista e o trabalhador.

0:55:53.399,0:56:00.399
Ele começa por um ponto que eu acho extremamente interessante.

0:56:00.609,0:56:05.369
That the initial legislation about
the length of the working-day

0:56:05.369,0:56:17.769
was about trying to socialize and discipline the worker
into the idea of a normalized working-day.

0:56:17.769,0:56:30.059
And he goes back to Statute of Labourers from 1349
and then he tracks through all of that legislation.

0:56:30.059,0:56:37.039
Now, what he's talking about here is
the socialization of wage-labour

0:56:37.039,0:56:45.499
to a disciplinary regime around
a certain notion of temporality.

0:56:45.499,0:56:51.399
A história que ele conta aqui é interessante
porque sugere que não foi feita facilmente.

0:56:51.399,0:56:56.419
Na verdade necessitou de muito intervenção do estado

0:56:56.419,00:57:03.599
a maioria das pessoas, deparando-se com a perspectiva de trabalho assalariado
disse que é melhor ser um mendigo ou um vagabundo ou

0:57:03.599,0:57:10.149
entrar no crime e assim.

0:57:10.149,0:57:14.109
So what that took was the state to come in
and actually round people up who were not

0:57:14.109,0:57:20.759
good wage-labourers and whip them publicly
or put them in the stocks or do horrible things to them

0:57:23.079,0:57:26.479
in order to absolutely indicate to them
that the only way they could really survive,

0:57:26.479,0:57:30.339
if they had been forced off the land,
was to become wage-labourers.

0:57:30.339,0:57:36.399
And that to become a wage-labourer meant to accept
a certain kind of time discipline.

0:57:36.399,0:57:44.059
One of the most interesting places where you'll find
this thing thought out is amongst colonial administrators.

0:57:44.059,0:57:51.419
Again and again, colonial administrators say:
'The trouble with these people is they don't have the time discipline.

0:57:51.419,0:57:55.089
They work for a few hours, and then they disappear,

0:57:55.089,0:57:59.139
well they work for a week and we think they're fine,
and then they disappear. We can't keep them here.'

0:57:59.139,0:58:05.019
So there was tremendous literature in the colonial office
about what kinds of tribal groups

0:58:05.019,0:58:10.950
were susceptible to time discipline and what weren't
and who you could discipline easily

0:58:10.950,0:58:14.259
and who you had to whip into order.

0:58:14.259,0:58:21.169
And actually one of the big issues for colonial
administrations was precisely time discipline

0:58:21.169,0:58:26.689
and what was so interesting about this
is the way in which the notion of temporality

0:58:26.689,0:58:34.849
had to be normalized and workers had to be normalized
and had to accept normality.

0:58:34.849,0:58:46.659
And this has become a generalized social aspect of society.
We all accept a certain kind of time discipline.

0:58:46.659,0:58:56.389
We figure: 'well yeah this nine-to-five work' or 'OK, I've got to be
in college at this time and out by that time'.

0:58:56.389,0:59:03.599
Vocês não tolerariam se os vossos professores dessem discursos
como os do Fidel Casto, que se prolongam por 12 horas.

0:59:03.599,0:59:09.539
Vocês começariam a olhar para o relógio. 8:30, olhar para o relógio.
A disciplina temporal instala-se e vocês sabem que todos nós a normalizamos.

0:59:09.539,0:59:18.399
So in fact it constructs our lives and we've accepted that normalization.
But what Marx is talking about, is a world in which that was not the case.

0:59:18.399,0:59:27.259
That this time discipline had not been accepted.
And it took a lot of violence, a lot of social pressure.

0:59:27.259,0:59:38.109
And that social pressure was organized through the state,
but it was also organized through all manner of institutions

0:59:38.109,0:59:45.109
and it was partly also normalized through recognizing
—as Marx does towards the end of this chapter—

0:59:45.109,0:59:52.020
that actually, what capitalists insist upon is
that you shouldn't pay people too much

0:59:52.020,1:00:00.309
because if you paid them too much they wouldn't work
for 6 days or whatever it was, they'd only work for 5.

1:00:00.309,1:00:05.779
So if you paid them less, then they would work.
Because labourers are inherently lazy,

1:00:05.779,1:00:10.409
they don't want to go to work, they don't want to spend
the whole week down the coal mines,

1:00:10.409,1:00:12.309
they want to do something else.

1:00:12.309,1:00:19.079
There was a terrible problem of labour discipline in France
because there was something called 'blue Monday'

1:00:19.079,1:00:26.349
on which the artisan class in particular would get so roaring drunk on Sunday,
they couldn't possibly go to work on Monday.

1:00:26.349,1:00:34.419
So there was nothing that could be done on Monday.
So the attempts to wean them away from those habits.

1:00:34.419,1:00:37.049
And disciplinarians would go in there and start talking about

1:00:37.049,1:00:41.459
the iniquities of getting drunk on Sundays
and they would try to mobilize

1:00:41.459,1:00:46.659
family ideals and so on, against the guys going out
and getting totally smashed on Sundays.

1:00:46.659,1:00:52.089
It turned out it wasn't only the guys who were doing it,
the women were doing it too which was considered even worse

1:00:52.089,1:00:58.009
by the bourgeoisie. So there's tremendous questions
about labour discipline in the 19th century

1:00:58.009,1:01:04.709
and Marx is, I think, pointing out those problems.

1:01:04.709,1:01:09.909
Then the institutional arrangements at the end,
that he talks about are very interesting.

1:01:09.909,1:01:15.669
He says, it's not only this general kind of assault, but also

1:01:15.669,1:01:25.299
there are specific kinds of institutions and in particular,
there is what he calls on page 388, "an ideal workhouse".

1:01:25.299,1:01:28.929
"an ideal workhouse must be made a 'House of Terror',

1:01:28.929,1:01:35.990
and not an asylum for the poor 'where they are to be plentifully fed,
warmly and decently clothed, and where they do but little work.'

1:01:35.990,1:01:40.150
In this “House of Terror,” this “ideal workhouse,
the poor shall work 14 hours in a day,

1:01:40.150,1:01:46.069
allowing proper time for meals, in such manner that
there shall remain 12 hours of neat-labour.' "

1:01:46.069,1:01:53.509
Then right at the end: "The “House of Terror” for paupers only dreamed of
by the capitalist mind in 1770, was brought into being a few years later

1:01:53.509,1:01:59.329
in the shape of a gigantic 'workhouse' for
the industrial worker himself, it was called the Factory.

1:01:59.329,1:02:04.749
And this time the ideal was a pale shadow compared with the reality."

1:02:04.749,1:02:12.089
Now, what is interesting here, is to reflect on the way
that somebody like Foucault, for example,

1:02:12.089,1:02:19.289
talks about the disciplinary apparatuses that came into being
in the 17th, 18th centuries in particular,

1:02:19.289,1:02:31.169
as part and parcel of creating a self discipline in ourselves
which made governmentality so much easier for the bourgeois state.

1:02:31.169,1:02:36.139
And what Foucault does in many ways, it seems to me,
is to extend this whole idea here,

1:02:36.139,1:02:43.309
Through books like 'Madness and civilization', 'Through the birth of the clinic'
and particularly 'Through discipline and punish'.

1:02:43.309,1:02:49.150
Now there's a very interesting way in which Foucault is often viewed
as somehow or other being anti-marxist.

1:02:49.150,1:02:54.150
Well, he was anti-Maoists and anti-Trotskyists
and he was anti-Communist Party,

1:02:54.150,1:03:00.539
but it is very clear when you read this and you read
that literature, that this is his starting point.

1:03:00.539,1:03:08.959
And those French intellectuals really started from a very good understanding
of this and this is the kind of passage that,

1:03:08.959,11:03:13.619
it seems to me, Foucault takes, and says 'Okay, I can extend that'.

1:03:13.619,1:03:19.119
I had to say when I first read all that literature by Foucault,
I didn't see it in anyway antagonistic to Marx at all.

1:03:19.119,1:03:25.960
I thought it was an extension, it was an elaboration
and with some transformation involved too

1:03:25.960,1:03:30.289
but that this was a wonderful way in which
to start to think about the sorts of

1:03:30.289,1:03:35.849
issues that Marx is talking about here.
The creation of a disciplinary apparatus

1:03:35.849,1:03:39.859
of socialization pressures, institutional arrangements.

1:03:39.859,1:03:47.359
In Foucault's case: the panopticons, asylums and workhouses
as well, all of those become part of

1:03:47.359,1:03:54.139
this disciplinary apparatus which is trying to normalize us
into accepting a certain temporality,

1:03:54.139,1:03:59.449
a certain disciplinary apparatus, as being part and parcel
of our daily lives.

1:03:59.449,1:04:07.180
So this is, I think a very important element to do and I think
it's very important to read Foucault alongside of this,

1:04:07.180,1:04:13.110
and realize exactly how Foucault is elaborating on this
and to what extent he later on became,

1:04:13.110,1:04:18.730
as it were, more separated from what Marx was talking about.

1:04:18.730,1:04:26.979
But in his early stuff certainly there was an elaboration of
many of these ideas rather than a disputation against them.

1:04:26.979,1:04:30.880
We should stop here and take a little break

1:04:30.880,1:04:36.619
and finish off the chapter next.

1:04:38.059,1:04:45.619
Ele relara a luta
sobre a duração do dia de trabalho.

1:04:45.619,1:04:57.819
na Grã Bretanha desde 1820s até 1850s, 1860s.

1:04:57.819,1:05:07.039
I don't propose to go over this dynamic
in too much detail from the text.

1:05:07.039,1:05:15.269
Mas quero tentar clarificar o contexto à história.

1:05:15.269,1:05:22.359
What you had in Britain in the 1820s in particular
was a political power-structure

1:05:22.359,1:05:29.380
that was dominated by an agricultural aristocracy
by landed interest.

1:05:29.380,1:05:36.559
And at the same time you had a rising bourgeoisie,
partly merchant but increasingly industrial,

1:05:36.559,1:05:44.069
in the industrial districts. And what we see coming out here
is the importance of what you might call

1:05:44.069,1:05:51.809
the Manchester school of economic thinking,
which is very much associated with the rise

1:05:51.809,1:06:01.799
of the cotton industry as a major force in industrial production
but also in British political and economic life.

1:06:01.799,1:06:08.529
So the industrial interest and the industrial bourgeoisie
is relatively disempowered however

1:06:08.529,1:06:16.869
in relationship to this landed aristocracy.

1:06:16.869,1:06:24.449
And they started to try to push, pretty hard,
towards gaining more democratic power.

1:06:24.449,1:06:31.549
The way, for example, the landed aristocracy was dominating
was by a system of what was called 'rotten boroughs'.

1:06:31.549,1:06:33.059
For those of you who know what that is,

1:06:33.059,1:06:42.759
there would be a place where there's almost no population
which would return one or some cases three members of parliament,

1:06:42.759,1:06:49.459
and that place happened to be on the landed estate
or in the pocket of, it was called a 'pocket borough',

1:06:49.459,1:06:53.249
one or other of the landed aristocrats
who on election day would take

1:06:53.249,1:06:58.399
5 or 7 or 20 of the retainers and they would go there
and they'd vote this person into parliament.

1:06:58.399,1:07:01.259
So this is how majority was maintained, in parliament.

1:07:01.259,1:07:05.379
So there's a movement towards parliamentary
reform to get rid of the rotten boroughs

1:07:05.379,1:07:06.819
and all those kinds of things,

1:07:06.819,1:07:10.840
which is attracting a certain amount of bourgeois support.

1:07:10.840,1:07:16.249
It was also attracting a certain amount of working-class support.

1:07:16.249,1:07:23.449
And the industrial bourgeoisie was actually
very interested in trying to attract

1:07:23.449,1:07:27.359
popular support from the working class.

1:07:27.359,1:07:37.890
And so politically the working class was divided into
an artisan group, that was highly literate, self-educated

1:07:37.890,1:07:45.949
and then a mass of the population, agrarian base,
who were not literate and therefore not [self-educated].

1:07:45.949,1:07:56.299
And so, the industrial bourgeoisie was particularly interested
in trying to attach to it the support of the artisan class

1:07:56.299,1:07:59.799
in a program towards parliamentary reform.

1:07:59.799,1:08:03.930
In which it was envisaged that you'd have
much more democratic form of government,

1:08:03.930,1:08:08.469
in which it was envisaged that certain reforms would be instituted,

1:08:08.469,1:08:19.719
among which would be some kind of legislation to curb
the worst aspects of industrial labour.

1:08:19.719,1:08:25.230
So there was a proposal for factory acts and so on.

1:08:25.230,1:08:32.259
Well, the great reform thing finally passed,
and there was a great reform of 1832,

1:08:32.259,1:08:38.169
which for the working-class stand point was
quickly dubbed 'the great betrayal'.

1:08:38.169,1:08:40.829
And 'the great betrayal' was first of all:

1:08:40.829,1:08:47.179
the reform of the voting structure didn't empower
anybody significantly within the working class.

1:08:47.179,1:08:55.239
It only in effect, got rid of the artificial power
of the landed aristocracy

1:08:55.239,1:09:03.420
and empowered more and more of the industrial bourgeoisie
and those members of the middle classes that had

1:09:03.420,1:09:06.829
significant assets and significant properties.

1:09:06.829,1:09:16.399
So in effect, it was a reform that favoured the property-owning classes.
And immediately the property-owning classes

1:09:16.399,1:09:21.359
passed a very weak factory act,
one which was not significant at all.

1:09:21.359,1:09:29.369
And that indeed was part of the reason why the workers
themselves started to get extremely disillusioned

1:09:29.369,1:09:37.609
with the alliance they might have had with the industrial bourgeoisie,
and increasingly start to go against the industrial bourgeoisie.

1:09:37.609,1:09:44.789
But the industrial bourgeoisie had something else
on its agenda, which is the reform of the 'Corn Laws'.

1:09:44.789,1:09:47.600
Now, 'corn' in English is 'wheat'.

1:09:47.600,1:09:57.530
And what that meant was that the tariffs on imported grains
were going to be reduced very significantly.

1:09:57.530,1:10:02.739
Because this was, again, in the industrialists' interests.

1:10:02.739,1:10:08.730
Because cheap grain meant cheap bread which meant lower wages.

1:10:08.730,1:10:12.280
They went to the working-class and said:
'Would you be interested in cheap bread?'

1:10:12.280,1:10:18.430
But by then the working-class recognized
that maybe cheap bread also meant lower wages.

1:10:18.430,1:10:24.349
By then they figured out a little suspicion.
But they actually tried to again mobilize the working-class

1:10:24.349,1:10:31.539
around the abolition of the tariffs on imported grains.

1:10:31.539,1:10:39.530
But the trouble with that is, when you abolish that,
you abolish a lot of the power of the landed aristocracy in Britain.

1:10:39.530,1:10:44.110
In other words, their agrarian interests
were very severely threatened.

1:10:44.110,1:10:53.390
//And they were thoroughly pissed off, to put it mildly,
with the industrial bourgeoisie and what it was doing.

1:10:53.390,1:10:59.099
So one of the ways in which it figured it could get
back against the industrial bourgeoisie,

1:10:59.099,1:11:04.780
was to start to actually act like they were 'Noblesse oblige'
with respect to the working class and

1:11:04.780,1:11:11.599
say 'Well you know we are not those people who are doing
these awful things to you down the mines

1:11:11.599,1:11:16.929
and in the factories and so on,
we're going to try to help you over these factory acts.'

1:11:16.929,1:11:21.360
So they started to go into an alliance with
the working class to put pressure on the factory acts.

1:11:21.360,1:11:26.880
And out of that there came some of this progressive movement
in the 1840s towards instituting

1:11:28.070,1:11:31.960
some regulation on the factory acts.

1:11:31.960,1:11:36.449
Initially of course, a lot of this was taken up,

1:11:36.449,1:11:41.589
on a kind of a moral basis which was primarily concerned
with the employment of women and children.

1:11:41.589,1:11:49.870
And that is what the first part of the agitation
was really dedicated to.

1:11:49.870,1:11:54.770
Marx points out is that this complicated jousting

1:11:54.770,1:12:01.129
of class alliances, and the shift of class alliances
from a class alliance between workers

1:12:01.129,1:12:05.559
and industrialists to get the reform act through
and then after that an alliance,

1:12:05.559,1:12:11.579
which emerged between the agrarian, landed aristocracy
and working class pressures.

1:12:11.579,1:12:14.719
And as working-class independent organization through

1:12:14.719,1:12:25.130
something called the Chartist movement started to become much stronger.
So what you would then see towards the end of the 1840s

1:12:25.130,1:12:32.050
was a considerable alliance which was really beginning
to push the capitalist bourgeoisie to concede

1:12:32.050,1:12:36.959
something on the length of the working-day.

1:12:36.959,1:12:42.179
And eventually they conceded things and then
they tried to subvert it by all of these games.

1:12:42.179,1:12:51.480
Again, there's a wonderful phrase Marx uses: 'If you eradicate child-labour,
there's a big question of when do you stop being a child.'

1:12:51.480,1:12:55.889
And capitalist anthropology said '9 years old',

1:12:55.889,1:13:00.350
and other people said 'no it's later'.
So, the whole question of

1:13:00.350,1:13:07.789
the temporality gets in here, and then also
the way in which the capitalists started to use

1:13:07.789,1:13:09.759
all sorts of things. For instance,

1:13:09.759,1:13:14.699
if you limited it to 10 hours, what does that
10 hours include, does that start

1:13:14.699,1:13:18.979
outside the factory gate or inside the factory?

1:13:18.979,1:13:25.760
And by the way, if workers don't have timepieces,
you set the factory clock,

1:13:25.760,1:13:30.030
and they're supposed to be there at 6 o'clock,
but actually you put it so

1:13:30.030,1:13:34.469
it says 6 o'clock when it's actually a quarter to 6.

1:13:34.469,1:13:37.610
And then when the workers want to leave, they look
at the clock and it says 6 o'clock

1:13:37.610,1:13:41.960
when actually it's a quarter past 6. So, in that way,
all sorts of things like that were going on.

1:13:41.960,1:13:47.349
And it became clear, and this is where the factory
inspectors, who had largely come out of

1:13:47.349,1:13:50.320
this kind of 'Noblesse oblige', kind of support from

1:13:50.320,1:13:53.980
the landed aristocracy, the factory inspectors
then started to say 'This is not operative,

1:13:53.980,1:13:59.220
it's not working, and we gotta do something about it'.
So they tried to take it to the courts and then,

1:13:59.220,1:14:02.440
as always happens when you take it to
the supreme court, you lose.

1:14:02.440,1:14:07.239
Oh, that's wrong, when you take it to the English courts,
not the supreme court.

1:14:07.239,1:14:09.870
Of course you win in this supreme court, right?

1:14:09.870,1:14:10.480
Ok.

1:14:10.480,1:14:14.739
You lose, so there's no point going to the courts
and even the factory inspectors

1:14:14.739,1:14:17.370
who were taking these to the courts, said 'There's no point',

1:14:17.370,1:14:25.599
Horner says 'I've taken 8 cases and I've only won 1
and this is just a waste of time,

1:14:25.599,1:14:28.789
nothing is going to happen out of this'.

1:14:28.789,1:14:34.440
But then there happens a significant event of 1848.

1:14:34.440,1:14:38.659
And in 1848 there is

1:14:38.659,1:14:44.689
a massive crisis of over-accumulation of capital
and there's massive unemployment that results.

1:14:44.689,1:14:54.039
And you get revolutions breaking out all over Europe.
As Marx says:

1:14:54.039,1:15:03.900
'The bourgeois capitalists waged a campaign
against the factory act but they couldn't make it work.

1:15:03.900,1:15:08.059
But then they they had this fortuitous event of 1848.'

1:15:08.059,1:15:13.959
I have to read this bit to you, an interesting way of putting it.

1:15:13.959,1:15:18.419
He says: "the preliminary campaign of capital",
this is on page 397,

1:15:18.419,1:15:26.829
"the preliminary campaign of capital thus came to grief,
and the Ten Hours' Act came into force May 1st, 1848.

1:15:26.829,1:15:32.469
Meanwhile however the fiasco of the Chartist party
whose leaders had been imprisoned, and whose organization dismembered,

1:15:32.469,1:15:35.869
had shattered the self-confidence
of the English working-class.

1:15:35.869,1:15:40.570
Soon after this the June insurrection
in Paris and its bloody suppression united,

1:15:40.570,1:15:44.199
in England as on the Continent,
all fractions of the ruling classes,

1:15:44.199,1:15:50.210
landowners and capitalists, stock-exchange sharks
and small timeshop-keepers, Protectionists and Freetraders,

1:15:50.210,1:15:58.590
government and opposition, priests and freethinkers,"
and I have no idea why they are in here: "young whores and old nuns,

1:15:58.590,1:16:04.569
under the common slogan of the salvation of Property,
Religion, the Family and Society."

1:16:04.569,1:16:12.320
Now, have you heard that recently?
"Property, Religion the Family and Society?"

1:16:12.320,1:16:16.570
Whenever the bourgeoisie gets threatened what does it do?
It always appeals to these categories

1:16:16.570,1:16:21.989
of Property, Religion, the Family and Society.

1:16:21.989,1:16:28.329
The result of this, Marx goes on to say: "Everywhere, the working-class
is outlawed, anathematized, placed under the 'loi des suspects'.

1:16:28.329,1:16:35.590
The manufacturers no longer needed to restrain themselves.
They broke out in open revolt,

1:16:35.590,1:16:40.000
not only against the Ten Hours' Act, but against
all the legislation since 1833

1:16:40.000,1:16:44.340
that had aimed at restricting to some extent
the 'free' exploitation of labour-power.

1:16:44.340,1:16:50.309
It was a pro-slavery rebellion in miniature carried on for over two years
with a cynical recklessness and a terroristic energy

1:16:50.309,1:17:01.230
which were so much the easier to achieve in that
the rebel capitalist risked nothing but the skin of his workers."

1:17:01.230,1:17:04.150
Now this situation, you know,

1:17:04.150,1:17:10.149
if you want a really good piece by Marx, you go
and read 'The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte',

1:17:10.149,1:17:17.179
which is a fantastic story of shifting class
alliances around the revolution of 1848 in Paris.

1:17:17.179,1:17:20.090
But here we're getting a similar kind of story,

1:17:20.090,1:17:28.469
about the shifting nature class alliances in and around
factory acts and how this was being worked out.

1:17:28.469,1:17:34.380
And we see that events at some point or other,
when all property owners get threatened,

1:17:34.380,1:17:41.530
when the bourgeoisie suddenly comes together and consolidates around
a single program, which is to oppress the workers.

1:17:41.530,1:17:44.739
Which was effectively what happened in June

1:17:44.739,1:17:50.980
of 1848 in Paris, when the working-class
revolution in Paris was violently suppressed.

1:17:50.980,1:17:54.959
And in effect, it didn't have to be
violently repressed in Britain,

1:17:54.959,1:18:01.689
it was peacefully repressed, if you like,
but it gave the opportunity to the capitalists to reverse

1:18:01.689,1:18:06.789
almost all of those progressive moves that had been made.

1:18:06.789,1:18:08.659
Again there are certain parallels

1:18:08.659,1:18:15.249
you've only got to look for example how the decisions
made by the National labour Relations Board in this country,

1:18:15.249,1:18:17.920
up until the point where Reagan took power

1:18:17.920,1:18:23.739
and after Reagan took power, all of the OSHA legislation
or all of the National labour Relations Board legislation

1:18:23.739,1:18:26.449
became totally pro capitalistic.

1:18:26.449,1:18:31.500
And I think in about 3 years,
the National labour Relations Board reversed about

1:18:31.500,1:18:39.289
70 percent of all the decisions that had been made earlier,
after Reagan appointed the commissioners in the early 1980s.

1:18:39.289,1:18:44.530
So what we find here again, when you look back at that,
you would do an analysis,

1:18:44.530,1:18:49.010
a bit like Marx is doing. 'What were the class forces,

1:18:49.010,1:18:54.379
behind this and what were the political conditions
which allowed something like that to happen?

1:18:54.379,1:19:02.249
And why did it happen in particular way it did?'
I think this framework of analysis Marx sets up for historical inquiry,

1:19:02.249,1:19:08.679
is one which, interesting to think about for those of you
who are interested in understanding contemporary events.

1:19:08.679,1:19:15.360
You don't think about individuals so much
as you start to look at class forces, class interests,

1:19:15.360,1:19:24.479
how they get mobilized behind this position. How they shift,
how deals get cut and how things actually shift around.

1:19:24.479,1:19:37.480
Then Marx goes on to tell the story after 1850,
and what we find is that after 1850

1:19:37.480,1:19:47.699
there is a growing recognition that some
sort of compromise about this working-day is necessary.

1:19:47.699,1:19:54.280
In part for the reasons we've discussed,
that if you push things, they just get out of hand,

1:19:54.280,1:20:02.780
and even the industrialists start to think
that things have gone a little bit too far.

1:20:02.780,1:20:10.979
And result of that is that by time you get to 1853,
and he takes this up on page 408.

1:20:10.979,1:20:21.599
By time you get to 1853, the factory legislation which had been
initially targeted just on a few select industries,

1:20:21.599,1:20:29.649
there's the recognition that more and more industries
are being organized along these intensely capitalistic lines,

1:20:29.649,1:20:35.160
and these intensely capitalistic lines mean that
the regulatory regime has to be extended across

1:20:35.160,1:20:37.780
nearly all industries.

1:20:37.780,1:20:42.279
By 1853 you get to this point where Marx says:
"Nevertheless, the principle had triumphed

1:20:42.279,1:20:49.689
with its victory in those great branches of industry which form
the most characteristic creation of the modern mode of production.

1:20:49.689,1:20:53.560
Their wonderful development from 1853 to 1860",

1:20:53.560,1:21:01.599
The irony being that after this legislation was introduced,
you get this boom.

1:21:01.599,1:21:06.320
"went hand-in-hand with the physical
and moral regeneration of the factory workers,

1:21:06.320,1:21:09.860
and this was visible to the weakest eyes."

1:21:09.860,1:21:13.060
How many times has this happened historically?
It's a wonderful story.

1:21:13.060,1:21:18.770
"The very manufacturers from whom the legal limitation and regulation
of the working-day had been wrung step by step

1:21:18.770,1:21:23.080
in the course of a civil war lasting
half a century now pointed boastfully

1:21:23.080,1:21:27.479
to the contrast with the areas of exploitation
which were still 'free'.

1:21:27.479,1:21:30.579
The Pharisees of 'political economy' now proclaimed

1:21:30.579,1:21:34.530
that their newly won insight into the necessity
for a legally regulated working-day

1:21:34.530,1:21:38.900
was a characteristic achievement of their 'science'.

1:21:38.900,1:21:42.909
It will easily be understood that after
the factory magnates had resigned themselves and submitted

1:21:42.909,1:21:47.599
to the inevitable, capital's power of resistance gradually weakened,

1:21:47.599,1:21:51.239
while at the same time the working class's power of attack grew

1:21:51.239,1:21:56.730
with the number of its allies…", again allies,
the allies of the working class become crucial here.

1:21:56.730,1:22:01.300
"…in those social layers not directly
interested in the question.

1:22:01.300,1:22:05.000
Hence the comparatively rapid progress since 1860."

1:22:05.000,1:22:11.159
Now, Marx doesn't say what those social layers were,
not directly interested in the question.

1:22:11.159,1:22:19.820
And this was not so much the landed aristocracy,
as it was professional middle-classes,

1:22:19.820,1:22:29.839
professional middle-class interests seeing the situation,
had decided that they were going to

1:22:29.839,1:22:37.420
not put up with living in a kind of country
where these sorts of practices were allowed.

1:22:37.420,1:22:40.340
So, again, the allies become significant.

1:22:40.340,1:22:44.790
And the allies were significant because
the working-class did not have the vote

1:22:44.790,1:22:52.399
until after 1867 in Britain.
Male working-class, that is, in 1867.

1:22:52.399,1:23:00.629
So it was not working-class vote that did this, it was
a parliament that then became attached to a regulatory regime.

1:23:00.629,1:23:04.810
This regulatory regime didn't only apply to this area.

1:23:04.810,1:23:08.729
This was an era, where there was a lot of public health legislation.

1:23:08.729,1:23:12.909
Because that was the only way
you could deal with the cholera epidemics,

1:23:12.909,1:23:23.250
you get stuff about water supply, in Birmingham,
you get the beginnings of a new regime of governance.

1:23:23.250,1:23:28.199
Which is structured by Joseph Chamberlain,
an industrialist, conservative industrialist

1:23:28.199,1:23:37.429
who insisted on public education, housing for low-income populations,
clean water, good sewage, all those sort of things.

1:23:37.429,1:23:43.340
He was called 'radical Joe'.
So you get a new climate of activity in Britain,

1:23:43.340,1:23:51.780
in the 1860s that recognizes that the abuses that
have occurred have to be eliminated.

1:23:51.780,1:23:53.749
But at the same time,

1:23:53.749,1:23:56.769
we're also going to find is that this

1:23:56.769,1:24:03.439
extension of the working-day in this way
mattered less and less for the capitalists,

1:24:03.439,1:24:08.780
because they found another way to construct surplus-value.

1:24:08.780,1:24:16.020
And that other way is relative surplus-value,
which we're going to get into next week.

1:24:16.020,1:24:22.670
And what we see is the struggle over
the length of the working-day,

1:24:22.670,1:24:35.689
forcing capitalists into a reform which
is not necessarily against their interest.

1:24:36.840,1:24:42.239
And Marx then talks about the way in which
this reform, not only affected England,

1:24:42.239,1:24:48.479
but also spread around the world to some degree.

1:24:48.479,1:24:59.340
In particular, he's interested in the cases of France,
in the next section, and of the United States.

1:24:59.340,1:25:04.019
And he sees clearly that in America,
as he says on page 414:

1:25:04.019,1:25:10.649
"Labour in a white skin cannot emancipate itself
where it is branded in a black skin.

1:25:10.649,1:25:18.399
However, a new life immediately arose from the death of slavery."
Unfortunately, it wasn't as dead as Marx was assuming.

1:25:18.399,1:25:24.459
And then he talks about the General Congress of Labour
held in Baltimore in August 1866,

1:25:24.459,1:25:34.630
and the general pressure towards regulation
of the length of working-day in this country.

1:25:34.630,1:25:38.199
This leads to a conclusion and I think we should discuss this.

1:25:38.199,1:25:44.649
"It must be acknowledged", he says, "that our worker emerges from
the process of production looking different from when he entered it.

1:25:44.649,1:25:50.179
In the market, as owner of the commodity 'labour-power',
he stood face to face with other owners of commodities,

1:25:50.179,1:25:52.579
one owner against another owner.

1:25:52.579,1:26:00.150
The contract by which he sold his labour-power to the capitalist
proved in black and white, so to speak that he was free to dispose of himself.

1:26:00.150,1:26:03.949
But when the transaction was concluded,
it was discovered that he was no 'free agent,

1:26:03.949,1:26:07.359
that the period of time for which he is free
to sell his labour-power is the period of time

1:26:07.359,1:26:10.959
for which he is forced to sell it,

1:26:10.959,1:26:17.869
that in fact the vampire will not let go 'while there remains a single
muscle, sinew or drop of blood to be exploited'.

1:26:17.869,1:26:23.599
For the 'protection' against the serpent of their agonies,
the workers have to put their heads together

1:26:23.599,1:26:28.840
and, as a class, compel the passing of a law,
an all-powerful social barrier

1:26:28.840,1:26:31.920
by which they can be prevented from selling themselves
and their families into slavery

1:26:31.920,1:26:35.579
and death by voluntary contract with capital.

1:26:35.579,1:26:39.529
In the place of the pompous catalogue
of the 'inalienable rights of man'

1:26:39.529,1:26:43.529
there steps the modest Magna Carta
of the legally limited working-day,

1:26:43.529,1:26:52.960
which at last makes clear 'when the time which the worker
sells is ended, and when his own begins.' "

1:26:52.960,1:27:04.429
Now there are a couple of issues I want to raise
about this conclusion and discuss with you.

1:27:04.429,1:27:09.769
First, there is the issue of the inalienable rights of man
and we've talked a little bit about that,

1:27:09.769,1:27:17.229
and how you cannot approach this
through the discourse of rights.

1:27:17.229,1:27:25.049
You can't expect the courts to decide,
it's going to be an outcome of this struggle.

1:27:25.049,1:27:31.179
And here again for the first time Marx is saying
that workers have to put their heads together.

1:27:31.179,1:27:43.349
And how they put their heads together is going
to have a huge impact upon this particular issue.

1:27:43.349,1:27:47.210
But then when you look at it and you reflect upon it,

1:27:47.210,1:27:51.800
what you see also is that the capitalists
left to their own devices

1:27:51.800,1:27:56.460
are going to undermine their own class interest.
The coercive laws of competition

1:27:56.460,1:28:02.340
are going to force individual capitalists
to behave in such a way as to destroy

1:28:02.340,1:28:06.929
the capacity of their own class reproduction,
at the end of the day.

1:28:06.929,1:28:11.079
If you went on and on in unlimited ways,
and you kill all your workers off,

1:28:11.079,1:28:17.579
what's going to happen? Where are you going
to get your surplus-value from?

1:28:17.579,1:28:25.389
So there's a sense in which, workers by putting their heads
together and forcing this law,

1:28:25.389,1:28:31.189
actually save capital from their own stupidity.

1:28:31.189,1:28:38.030
In other words, workers putting their heads
together, in this chapter,

1:28:38.030,1:28:47.889
seems to have the effect of stabilizing
the capitalist system, not overthrowing it.

1:28:47.889,1:28:54.760
Now this is a difficult conclusion to reach, right?
Because Marx is a revolutionary thinker who,

1:28:54.760,1:28:58.199
presumably, wants to overthrow it.

1:28:58.199,1:29:05.910
But he's not talking about overthrowing it here,
he's talking about accommodating to it in such a way

1:29:05.910,1:29:15.589
that you get a fair wage for a fair day's work,
a modest Magna Carta.

1:29:15.589,1:29:21.770
You get that, and the capitalist survives,
but the capitalist survives in a better condition

1:29:21.770,1:29:26.609
then they would have survived if they would have been
allowed to let the coercive laws of competition,

1:29:26.609,1:29:33.199
to force them to engage in this 'Après moi, le déluge' behaviour.

1:29:33.199,1:29:37.589
You can make the same argument
by the way about environmental regulation.

1:29:37.589,1:29:43.610
The environmental movement, there's a certain aspect of it
which forces capital to accommodate

1:29:43.610,1:29:51.379
in such a way as to avoid its own stupidities
and what happens under the coercive laws of competition.

1:29:51.379,1:29:59.050
So, there's an interesting issue here.
In part Marx gets to that point,

1:29:59.050,1:30:10.590
for the very simple reason that at the very beginning
of the chapter, he's accepted that the law of exchange

1:30:10.590,1:30:14.189
is the law within which we're going to discuss.

1:30:14.189,1:30:23.439
And it is within the law of exchanges that equal rights can be defined,
and about which class struggle could unfold.

1:30:23.439,1:30:33.859
So in a sense, he has limited his argument,
to a world in which the law of exchanges hold and hold good.

1:30:33.859,1:30:39.239
And in so doing, he's ended up
with this Magna Carta position.

1:30:39.239,1:30:47.340
Now, how do we respond to it?
My own view is that, yes, I think

1:30:47.340,1:30:54.409
a lot of worker organization, trade union activity,
pressures and so on,

1:30:54.409,1:31:03.369
has often played a very significant role in stabilizing
an inherently unstable capitalist system.

1:31:03.369,1:31:08.319
And that struggles over the length of the working
day, which are central in that,

1:31:08.319,1:31:13.739
are a part of that stabilization.

1:31:13.739,1:31:21.739
Stabilization, for all sorts of social, political,
economic reasons. But there is also a point

1:31:21.739,1:31:29.340
at which the struggle over the length of the working
day can start to move into a revolutionary mode.

1:31:29.340,1:31:35.529
In other words, you could imagine
we have a 10-hour working-day

1:31:35.529,1:31:40.860
but we reduce it to 8 hours.

1:31:40.860,1:31:45.630
the French reduced their working week, to what, 35 hours?

1:31:45.630,1:31:49.369
They're now pushing it in the other direction.

1:31:49.369,1:31:55.989
But what if you reduced the working week to 5 hours?

1:31:55.989,1:32:06.089
In other words, this theme of limiting
the length of the working-day,

1:32:06.089,1:32:14.420
you can push it to a point where it really,
severely impedes the accumulation of capital.

1:32:14.420,1:32:20.060
So you can move from what we would consider to be
a reformist view of it, which is a stabilizing form of it,

1:32:20.060,1:32:28.999
into a revolutionary mode of it. When you got into 35 hours a week,
why don't we go to 30 hours a week?

1:32:28.999,1:32:37.210
And one of the responses on the part of capital
when they got faced with that would be, as Marx points out in here,

1:32:37.210,1:32:41.049
what happened as they reduced the length
of the working-day was:

1:32:41.049,1:32:48.849
the capitalists started to increase
the intensity of labour.

1:32:48.849,1:32:53.399
That is, you can't keep people working for 12 hours
or something like that at the same intensity

1:32:53.399,1:32:57.440
but if they're only employed for 6, you can work them
extremely intensely,

1:32:57.440,1:33:02.809
and probably get as much labour out of them in 6
as you might have otherwise got out had they done 9.

1:33:02.809,11:33:09.219
So the intensity issue becomes rather significant.

1:33:09.219,1:33:13.330
And there was a wonderful moment when this happened in British history,

1:33:13.330,1:33:25.699
during the first miner strike against
Edward Heath's conservative government back in 1973-1974

1:33:25.699,1:33:31.169
Edward Heath basically proclaimed a lockout
and then he did a terrible thing,

1:33:31.169,1:33:34.219
that is, he decided they would save electricity

1:33:34.219,1:33:37.959
and they would save it by closing all the factories
down except for 3 days a week.

1:33:37.959,1:33:41.010
So every one of them went on a 3-day week.

1:33:41.010,1:33:44.340
Then he made a terrible, terrible, terrible mistake,

1:33:44.340,1:33:51.289
which was to say that the electricity was going be cut off
at 10 o'clock at night and you couldn't watch television.

1:33:51.289,1:33:56.340
And the whole populace threw him out of the government,
a few years later.

1:33:56.340,1:34:05.679
The irony about that was, the birthrate went up
very significantly some 9 months later,

1:34:05.679,1:34:12.659
after this period when nobody could watch television at night.

1:34:12.659,1:34:22.389
So this dynamic however is an interesting question:
how revolutionary is the struggle about the length of the working-day?

1:34:22.389,1:34:26.800
And like I say, I think there's a stabilizing side of it,
a reformist side of it,

1:34:26.800,1:34:31.380
but then, there's also a radicalising side of it,
when you really start to push it further.

1:34:31.380,1:34:38.370
But, again, capitalists have all kinds of responses
in terms of productivity, intensity and alike.

1:34:36.260,1:34:41.569
So, again, you have to watch out for what those responses might be.

1:34:41.569,1:34:46.520
Let's stop here for a little bit and talk about
anything that has animated you

1:34:46.520,1:34:53.540
or questions you've got about this chapter.
It's a long empirical chapter, different in style, historical.

1:34:51.540,1:35:02.669
» STUDENT: I'm trying to think of an anti-capitalist argument
on behalf on these sorts of reforms.

1:35:02.669,1:35:16.669
To take the issue of climate change, the alternative is untenable.
If there is no environmental regulation, we're done for.

1:35:16.669,1:35:20.669
I'm curious to hear what you think of that.

1:35:20.669,1:35:32.669
On the other hand, if we do stabilize the environment
by putting in reforms, capital will adapt.

1:35:32.669,1:35:41.530
» HARVEY: Yeah, I don't think regulating rather
fiercely in the name of climate change

1:35:41.530,1:35:45.400
is going cause the end of capitalism.
There will be rapid adaptations.

1:35:45.400,1:35:49.139
The problem is that there are certain sectors
of the economy that will boom

1:35:49.139,1:35:52.469
and certain interests that will boom.
But again you've got an alliance of forces,

1:35:52.469,1:35:55.859
and I think the way you would analyse it is in terms of,

1:35:55.859,1:36:00.179
Marx's way of looking at it and say:
What are the class interests behind

1:36:00.179,1:36:04.479
why Bush is refusing to do anything significant about it?

1:36:04.479,1:36:08.319
But then there are class forces even about the responses.

1:36:08.319,1:36:14.619
Carbon trading is a ridiculous idea,
creating a market out of that

1:36:13.619,1:36:19.329
but you know that's where we're headed
for ideological reasons, so the big question is:

1:36:19.329,1:36:25.260
why did the Clintonites and everybody else agree
that the market solution is the only one which is possible?

1:36:25.260,1:36:30.539
And that may actually lead us into other kinds of disasters.

1:36:30.539,1:36:37.620
So the way we would analyse something like that,
if you come out of this way of thinking

1:36:37.620,1:36:41.750
is to start to build where the alliance is, and who's pushing what

1:36:41.750,1:36:46.510
and how's it working. And that's the way
the mode of analysis of Marx is pretty good.

1:36:46.510,1:36:51.119
And I think, for instance, this chapter on the working-day
and the 'Eighteenth Brumaire'

1:36:51.119,1:36:56.030
and some of the studies on class-struggle in France
are really terrific pioneering pieces

1:36:56.030,1:37:01.489
on how to do a class analysis of a historical dynamic.

1:37:01.489,1:37:06.099
And they're very worthwhile readings, simply because

1:37:06.099,1:37:12.560
they do that and they allow us to see. But you'll also notice,
and this is something I've emphasized before,

1:37:12.560,1:37:15.860
the fluidity of the response of capital

1:37:15.860,1:37:23.110
when faced with, in this case it's not an environmental problem,
it's a social problem

1:37:23.110,1:37:27.699
and the fluidity of their response is,
at some point or other, to give and then claim

1:37:27.699,1:37:31.369
they were the ones who agreed with it all along.

1:37:31.369,1:37:35.829
And they were the ones who created this all along,
and aren't they the good people?

1:37:35.829,1:37:41.380
I mean, we've seen plenty of that with corporate responsibility
on the environment going on right now.

1:37:41.380,1:37:47.349
Beyond Petroleum, once BP, still BP
but you know, they tried to…

1:37:47.349,1:37:50.690
and they made a nice green logo and all that kind of stuff.

1:37:50.690,1:37:57.010
So, it's the framework of analysis which is really interesting here.

1:37:57.010,1:38:02.640
Of course, much of this doesn't fit in the sense of
the theoretical categories we've got

1:38:02.640,1:38:06.959
apart from this connectivity between time control
and socially necessary labour time,

1:38:06.959,1:38:09.659
as being the core of what value is about.

1:38:09.659,1:38:15.099
There you do see a strong connectivity between
what Marx is almost bound to look at,

1:38:15.099,1:38:20.189
given the nature of that theoretical beginning.

1:38:20.189,1:38:24.650
» STUDENT: With this line of thinking, are we talking about

1:38:24.650,1:38:28.670
//people having to struggle towards
the expropriation of private property,

1:38:28.670,1:38:31.670
the eradication of private property,
right now in this moment?

1:38:31.670,1:38:36.029
Or is there a way to use this human rights' framework,

1:38:36.029,1:38:42.449
in a way that pushes —the way the struggle did with the working-day—

1:38:42.449,1:38:46.679
and then keep pushing or is there something
that has to happen more radically?

1:38:46.679,1:38:49.090
What exactly would Marx say, about something like that?

1:38:49.090,1:38:53.309
» HARVEY: Well, there are two ways in which you can approach
something like the housing question.

1:38:53.309,1:39:00.699
And that is, you go and you earn a wage,
and your wage is then applied to living and housing

1:39:00.699,1:39:02.999
and that is how the market works.

1:39:02.999,1:39:05.590
Or you can have a collective struggle

1:39:05.590,1:39:10.010
around social housing and say:
We have to put a floor around us.

1:39:10.010,1:39:13.389
The same would be true of healthcare or education,
or any of these areas.

1:39:13.389,1:39:22.099
This is the thing: none of those things are
automatically delivered through the market.

1:39:22.099,1:39:28.079
And what Marx is drawing attention to here
is that all the time you remain just (…)

1:39:28.079,1:39:30.499
and this is what neoliberalism is about.
It says you are personally responsible for

1:39:31.499,1:39:33.309
the education, you are personally responsible

1:39:33.309,1:39:38.859
for healthcare and your housing and that kind of stuff.
It's a personal responsibility system.

1:39:38.859,1:39:43.619
Whereas what Marx would argue is, if you are in that system,
you are likely to get shafted,

1:39:43.619,1:39:47.190
it's likely you'll get very little,
because the amount of wages you've got

1:39:47.190,1:39:50.919
are not going to be adequate to purchase whatever you need.

1:39:50.919,1:39:54.330
And then after that come the band-aid solutions,
'well what do we do with all those poor people.'

1:39:54.330,1:39:59.540
'Well OK, we have Medicaid' or something like that
or 'OK we'll have housing vouchers,

1:39:59.540,1:40:02.670
we'll have education vouchers' or something of that kind.

1:40:02.670,1:40:05.039
So, you start to mess around a bit with the market,

1:40:05.039,1:40:10.690
whereas the socialized solution, in say Scandinavia
and so on, was 'well we have a class struggle

1:40:10.690,1:40:13.380
and we actually build socialized housing and we just go live in it.'

1:40:13.380,1:40:18.489
You know, and we live in it at minimum cost.

1:40:18.489,1:40:24.229
There's an analogy, if you like, between Marx's argument
about the struggle over the length of the working-day,

1:40:24.229,1:40:28.009
over in effect the struggle over what is a real wage,

1:40:28.009,1:40:32.869
and the real wage can be one or two ways:
that is you can raise your individual wages and then

1:40:32.869,1:40:40.029
go out and spend what you like.
Or you can get a real wage by this social action.

1:40:40.029,1:40:42.229
» STUDENT: So you're talking about a floor…

1:40:42.229,1:40:47.229
» HARVEY: Yeah, and this again comes back to civilizational element,
which is in this situation.

1:40:47.229,1:40:50.229
» STUDENT: But isn't that reformist?

1:40:50.229,1:40:54.760
» HARVEY: Yes. Well again, it can be reformist
but then we can go further.

1:40:54.760,1:41:00.699
In effect, you have to ask yourself the question,
in the 1950s and 1960s,

1:41:00.699,1:41:06.679
the welfare states of Europe and even the expanded welfare system
that was being structured in this country,

1:41:06.679,1:41:11.800
in terms of anti-poverty programs and all the rest of it,
did a tremendous job in stabilizing the economy.

1:41:11.800,1:41:15.710
It played a tremendous role in actually
the rapid growth of these economies.

1:41:15.710,1:41:23.580
So it's totally untrue to say that the development
of a welfare state is antagonistic to economic growth.

1:41:23.580,1:41:27.889
In fact, the rate of economic growth was very strong
in the 1950s and 1960s when you

1:41:27.889,1:41:33.829
have a maximum investment going collectively into
these public forms of expenditures.

1:41:33.829,1:41:35.529
You then get the counter-attack,

1:41:35.529,1:41:39.639
which had nothing to do with growth,
had everything to do with class power.

1:41:39.639,1:41:43.670
Which then counter-attacks that, which says:
You now have to go into

1:41:43.670,1:41:49.649
this private responsibility system and
that has been going on for the last 30 years.

1:41:49.649,1:41:56.149
Again, the question is: Why is there not
a stronger class force to resist it?

1:41:56.149,1:41:59.999
And part of that goes back to the fact
that the working-class has been

1:41:59.999,1:42:05.800
dismembered in this country by the movement to China
and the de-industrialization,

1:42:05.800,1:42:10.039
attacks upon union power and all the rest of it.
this has gone on in Europe as well.

1:42:10.039,1:42:17.639
So, it's a question about class struggle and
class dynamics. And again, who are the allies?

1:42:17.639,1:42:21.380
And it's clear that there is a coalition, if you like, allies,

1:42:21.380,1:42:25.709
which are around this idea that the market
is the way in which we should go.

1:42:25.709,1:42:28.449
But the market does not deliver growth,

1:42:28.449,1:42:33.849
and certainly it's made conditions worse off
for a large chunk of the world's population.

1:42:33.849,1:42:37.609
But it's made it much, much better off
in terms of accumulation of capital.

1:42:37.609,1:42:41.300
Which is what Marx is saying,
capitalists are committed to doing.

1:42:41.300,1:42:44.679
They want to maximize their extraction of surplus-value.

1:42:44.679,1:42:48.869
That's what they're doing, as much as they can.

1:42:48.869,1:42:53.260
We have 5 minutes, I just want to do the next chapter.

1:42:53.260,1:42:57.960
I'm not going to spend much time on it.

1:42:57.960,1:43:00.860
It's a transitional chapter,

1:43:00.860,1:43:03.009
Marx does what he usually does.

1:43:03.009,1:43:10.170
He says: 'Okay, there's the rate of surplus-value,
and there's the number of labourers you employ,

1:43:10.170,1:43:14.059
or variable capital you invest.
Therefore the mass of capital depends upon

1:43:14.059,1:43:17.999
the rate of surplus-value times
the number of labourers you employ.

1:43:17.999,1:43:21.820
If you reduce the rate of surplus-value,
you can compensate by

1:43:21.820,1:43:25.900
increasing the number of labourers.
If you reduce the number of labourers,

1:43:25.900,1:43:29.880
you can compensate by increasing the rate of exploitation.

1:43:29.880,1:43:32.969
Now he's here pointing out
and this is a significant transition:

1:43:32.969,1:43:36.959
os capitalistas estão interessados na quantidade de mais valia.

1:43:36.959,1:43:44.479
Porquê? Porque a massa de mais valia é poder social.

1:43:44.479,1:43:50.170
E a massa de mais-valia significa que
estás sempre a pensar, enquanto capitalista,

1:43:50.170,1:43:55.109
em quantos trabalhadores emprego e
qual é a taxa de exploração

1:43:55.109,1:43:59.630
Mas aqui ele introduz a ideia de que existem limites.

1:43:59.630,1:44:02.009
É por isto que este é um capítulo de transição.

1:44:02.009,1:44:09.709
There's a limit to the rate of surplus-value,
which we've discussed, social and physical.

1:44:09.709,1:44:13.829
Se eu reduzir os meus trabalhadores a um,
e se tentar aumentar a taxa de mais valia

1:44:13.829,1:44:17.769
a 5000%, nunca o vou conseguir.
Simplesmente não é possível dessa forma,

1:44:17.769,1:44:20.179
há um limite para isso.

1:44:20.179,1:44:27.769
Há então um limite para a quantidade de capital
que é possível investir em capital variável

1:44:27.769,1:44:31.749
e quando juntam tudo isto
à população total e tudo o mais,

1:44:31.749,1:44:35.639
o que vêm é que existe um limite
para o número de trabalhadores que são empregues

1:44:35.639,1:44:42.479
que é: a população total de trabalhadores disponíveis.

1:44:42.479,1:44:49.829
Então acabamos este capítulo com esta ideia
de que há dois limites à acumulação de capital

1:44:49.829,1:44:54.320
população total, taxa de exploração

1:44:54.320,1:45:03.650
e outro limite, inerente ao capital, que é
a quantidade que pode ser gasta em capital variável.

1:45:05.210,1:45:17.669
Mas o capitalismo não gosta de limites e, por definição,
eles procuram formas ilimitadas de acumular

1:45:17.669,1:45:23.219
Então, tens aqui uma contradição:
como tens uma maneira ilimitada de acumular

1:45:23.219,1:45:27.840
diante destes limites?

1:45:27.840,1:45:32.539
E essa é a questão que é colocada,
que vai ser então respondida

1:45:32.539,1:45:37.849
no próximo capítulo, que diz:
'Há outra forma de obter mais valia

1:45:37.849,1:45:44.019
Não é mais valia absoluta, é mais valia relativa'

1:45:44.019,1:45:49.499
Na próxima semana iremos ler o capítulo 12,
sobre a mais-valia relativa.

1:45:49.499,1:45:58.289
É um capítulo teórico intenso e terão de o ler atentamente
para o compreender bem.

1:45:58.289,1:46:03.550
É facilmente incompreendido, e muita gente não o entende.

1:46:03.550,1:46:09.099
Não é muito difícil assim que o compreendem, mas fazê-lo é por vezes difícil.

1:46:09.099,1:46:14.969
Então passaremos à leitura do capítulo sobre cooperação
e do capítulo sobre a divisão do trabalho.

1:46:14.969,11:46:18.119
Então, 12, 13 e 14 para a próxima vez

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